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Médico é acusado de fingir exame ginecológico e abusar de pacientes em AL

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

29/03/2019 19h44

O clínico geral Adriano Antônio da Silva Pedrosa foi preso hoje acusado de estuprar três pacientes no posto de saúde do povoado de Marceneiro, no município de Passo do Camaragibe (AL).

Segundo o Ministério Público Estadual, o médico fingia exames ginecológicos para abusar das pacientes. Ele virou réu por violação sexual mediante fraude.

Segundo o MPE, mesmo sem ser procurado por problemas ginecológicos, o médico insistia em examinar os órgãos genitais das mulheres sob o pretexto de verificar se havia doenças.

De acordo com a ação, a última vítima teria sofrido violência sexual em 1° de fevereiro. Ela diz que procurou o posto de saúde com dor na virilha. No consultório, o médico tocou a vagina da paciente por cerca de 40 minutos, além dos seios.

"Ele colocou uma luva com gel e tocou o órgão genital da vítima, que questionou sobre a necessidade daquela conduta", diz o promotor de Justiça Ary de Medeiros Lages Filho. "O médico respondeu que estava tentando fazê-la expelir algum líquido que, por ventura, a paciente tivesse retido", completa.

Em caso de condenação, Adriano Antônio da Silva Pedrosa pode ter pena que vai de dois a seis anos de reclusão.

Formado em 1999, Silva também é professor adjunto de medicina na Ufal (Universidade Federal de Alagoas).

Ele atua no programa Médico da Família e Comunidade da prefeitura, além de ser supervisor do Provab (Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica) e tutor do Programa Mais Médicos para o Brasil.

Policiais da delegacia regional de Matriz do Camaragibe informaram que o médico está detido na carceragem da delegacia e se recusou a comentar sobre as acusações imputadas a ele. Durante depoimento, Pedrosa também permaneceu calado.

Outros casos

Segundo o MPE, o acusado agiu de forma similar com as vítimas, durante atendimento médico. O segundo caso teria ocorrido em 2018, no mesmo posto, com uma paciente que foi apresentar o resultado de um exame de abdômen.

"Ele alisou os seios dela (...), determinou ainda que a vítima levantasse as pernas, colocou uma luva com gel e iniciou o 'procedimento', tendo passado, aproximadamente, uns 20 minutos manuseando a vagina da paciente, sob o pretexto de expelir um líquido", informou o promotor de Justiça Ary Lages.

O primeiro caso que consta na denúncia do MPE descreve que em 2014 uma mulher procurou socorro médico no posto de saúde da praia de Marceneiro com um sangramento no nariz. O médico teria feito a vítima tirar a roupa.

"Ele sequer examinou o nariz da paciente, num comportamento claro de abusador sexual. E o agravante é que ela estava com sete meses de gestação à época do fato", acusa o promotor de Justiça.

Adriano Antônio da Silva Pedrosa já responde ao outro processo por caso similar ocorrido em 2015.

"O denunciado vem praticando esse crime há anos, tendo a necessidade de uma resposta estatal a essa repugnante conduta praticada por um profissional que deveria cuidar do ser humano, e não fazê-lo de vítima contumaz para a satisfação da sua lascívia", destacou o promotor de Justiça.

O UOL tentou localizar a defesa de Adriano Antonio da Silva Pedrosa, mas até a publicação deste texto nenhum advogado havia se apresentado.