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Família acusa PM de ter confundido furadeira com fuzil e matado jovem no RJ

João Victor Dias Braga foi morto em operação policial no Rio de Janeiro - Arquivo pessoal
João Victor Dias Braga foi morto em operação policial no Rio de Janeiro Imagem: Arquivo pessoal

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

04/04/2019 11h19

A família de um jovem de 22 anos morto durante operação da Polícia Militar no Rio de Janeiro acusou os policiais de confundirem uma furadeira com um fuzil e darem dois tiros fatais. João Victor Dias Braga, 22, foi atingido durante ação na comunidade Santa Maria, na zona oeste do Rio. A delegação de homicídios está investigando o caso.

Braga foi baleado com dois tiros (um no tórax e outro no pescoço) após sair de casa para trabalhar. Segundo os familiares, ele levava uma furadeira que carregava na mão no caminho para a casa de um amigo em que faria um "bico".

"Ele estava indo trabalhar e foi baleado duas vezes. Saiu com a furadeira na mão. Os vizinhos contaram que depois que ele foi atingido, botaram ele no Caveirão [veículo blindado utilizado pela polícia], mas meu irmão chegou morto no hospital", disse Carolina Dias, 20, irmã da vítima. Ela disse que o irmão trabalhava como DJ havia três anos.

Procurada, a PM disse os policiais militares do 18° BPM (Jacarepaguá) responderam a tiros de suspeitos. "Criminosos armados efetuaram disparos contra a guarnição e houve confronto. Ao cessarem os disparos, três bandidos foram encontrados feridos com duas pistolas calibre 40, uma pistola calibre 38 e drogas. Os feridos foram socorridos para o Hospital Lourenço Jorge", informou.

João Victor era o filho mais velho de um total de quatro irmãos. Ele morava com a namorada na comunidade da Taquara e deixa uma filha de três anos.

João era um cara muito esforçado, trabalhador, não gostava de ficar parado, era alegre, apegado a filha, fazia de tudo para não faltar nada para a filha

Carolina Dias, irmã da vítima

O jovem tocava como DJ em festas dentro e fora da comunidade e tinha o sonho de ser reconhecido pelo seu trabalho. O enterro ocorrerá ainda hoje com Cemitério do Caju, região portuária do Rio.

Outras acusações de supostos enganos

Em setembro do ano passado, a família do garçom Rodrigo Alexandre da Silva Serrano acusou policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) de terem atirado no morador na comunidade Chapéu Mangueira, no Leme, zona sul do Rio. A vítima estava com um guarda-chuva na mão que teria sido confundido com um fuzil. Ele aguardava a mulher e o filho quando foi atingido por três disparos. Na época, a PM informou que houve confronto na região.

Em julho de 2016, Jhonata Matos Alves, 16, foi morto no morro do Borel, na Tijuca, zona norte do Rio, ao sair de casa carregando um saco de pipoca. Na ocasião, moradores relataram que os policiais confundiram o saco de pipoca com droga e atiraram no adolescente que morreu com um disparo na cabeça.

Em 2010, um cabo do Bope baleou um morador no morro do Andaraí, na zona norte, que usava uma furadeira no terraço de casa. O policial foi julgado e absolvido em 2012.