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Mulher que morreu ao pôr silicone fazia tudo por filhos e já tinha implante

Dayane Rodrigues da Silva sofreu uma parada cardíaca e não resistiu após aplicar silicone industrial nos glúteos - Reprodução/Facebook
Dayane Rodrigues da Silva sofreu uma parada cardíaca e não resistiu após aplicar silicone industrial nos glúteos Imagem: Reprodução/Facebook

Bruna Alves

Colaboração para o UOL, em São Paulo

27/04/2019 04h00

Amiga, brincalhona, superdedicada aos filhos e extremamente vaidosa. Assim os familiares e amigos de Dayane Rodrigues da Silva, 25, descrevem a gaúcha que morreu na última quarta-feira (24) após se submeter a um procedimento de implante nos glúteos, em casa, e sofrer uma parada cardíaca.

Nascida em Porto Alegre (RS), Dayane era filha de evangélicos e, por causa do pai, que é pastor, morou em vários lugares diferentes. Na fase adulta, a mulher, seus pais e três irmãos se estabilizaram em Lorena, no interior de São Paulo. Lá, Dayane iniciou sua própria família.

"Minha irmã era muito cativante, alegre, amorosa e molecona", recorda a irmã, Daniele Rodrigues da Silva, 27, que, mesmo morando longe, conta que as duas eram muito apegadas. Segundo ela, a irmã era vista como uma pessoa bondosa pela família e que fazia o impossível para cuidar dos seus três filhos: uma menina de 10 anos e dois garotos de 7 e 3.

Viúva, Dayane começou um relacionamento há dois meses com Alana Prudente Braga, 23. Logo no início do namoro, Alana aceitou um convite de Dayane para morar com ela e as crianças.

"A gente nunca viu alguém que amasse os filhos como ela. Fazia de tudo para eles, e mesmo que ela estivesse mal, ficava bem por eles", lembra Alana.

O amor pelos filhos é lembrado por todos como característica mais marcante.

"Sempre se virou facilmente e defendia os filhos a todo o custo. Era forte e batalhadora", descreve o irmão mais novo de Dayane, João Vítor Rodrigues da Silva, 18. "Nunca deixou faltar nada para eles", completa Alana.

Empreendedora

Dayane trabalhava em uma padaria da cidade havia anos e almejava montar um negócio próprio. "Ela sempre sonhou em abrir um depósito de bebidas [adega]", conta Alana.

Também queria cursar uma faculdade de direito e comprar terrenos para construir casas e ter renda de aluguel para deixar para os filhos.

Para tornar-se empresária, ela começava a trabalhar cedo na padaria e só saía à noite, relata amiga Jenifer Duarte, 35.

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Vaidosa

Sempre arrumada e maquiada, para sair, trabalhar ou ficar em casa, Dayane gostava de roupas justas e salto alto, como relata Jenifer.

"Ela já acordava alegre, maquiada, com cílios postiços e arrumava o cabelo. Para ela não tinha tempo ruim", recorda a amiga.

A amiga contou que ela e Dayane colocaram prótese de silicone no seio, em uma clínica particular, há três meses, mas Dayane achou pouco e aumentou um pouco mais. "Ela colocou silicone uma vez e deu certo, mas depois quis colocar com outra pessoa e aconteceu isso".

Segundo a namorada e a amiga, Dayane fazia questão de estar sempre bonita, perfumada, com joias e adereços. Segundo elas, "Dayane amava a vida".

"Nós acreditamos na vida eterna e tenho esperança que ela esteja num lugar muito feliz agora, embora tenha deixado muitas saudades", finaliza o irmão João Vítor.

Suspeitas são transferidas para presídio em Taubaté

Inicialmente, o caso foi registrado na delegacia de Lorena como homicídio simples, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP).

A Polícia Civil de Lorena informou que as duas suspeitas, com nome social de Leona e Fernanda [nomes de registro Thiago Porfírio Machado, 33 e Matheus Rodrigues, 36, respectivamente], confessaram que fizeram a aplicação de silicone industrial na vítima.

Ainda segundo a polícia, as "bombadeiras" como são conhecidas, informaram desde o primeiro contato que só faziam aplicações em travestis, mas acabaram aceitando o serviço depois de muita insistência de Dayane.

Ontem pela manhã, Leona e Fernanda foram encaminhadas para uma audiência de custódia, em Guaratinguetá, no interior de São Paulo. O juiz decidiu manter a prisão preventiva e elas foram encaminhadas à penitenciária de Taubaté (SP), onde aguardarão o processo de investigação do caso.

Segundo a polícia, o laudo do Instituto Médico Legal (IML) vai identificar qual a substância utilizada na aplicação. O prazo para sair o resultado não foi informado.