Topo

Mãe acusa pai de matar filha em PE por ela ser mulher; familiares contestam

18.mai.2019 - Silvania Maria Viana da Silva acusa marido de ter matado filha por ela ter nascido mulher - Reprodução/TV Jornal
18.mai.2019 - Silvania Maria Viana da Silva acusa marido de ter matado filha por ela ter nascido mulher Imagem: Reprodução/TV Jornal

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió (AL)

20/05/2019 17h18

Uma menina de cinco meses morreu após ser espancada pelo pai, segundo acusação da mãe da bebê, porque ele não aceitava ter tido uma filha do sexo feminino. A mulher acusa o marido de agressão desde que descobriu o sexo do bebê.

O caso aconteceu no município de São Lourenço da Mata, na região metropolitana de Recife (PE), na última sexta-feira (17). O pai da menina, Augusto da Silva Cruz, 23, foi preso em flagrante acusado do crime e foi indiciado por homicídio qualificado. Ele nega as acusações e familiares dele contestam a versão da mãe, alegando que ela é quem agredia a filha e tem histórico de agressões a outros filhos. A polícia informou que investiga os motivos do crime.

A bebê morava com os pais em uma casa no Sítio do Cajá, na periferia de São Lourenço da Mata. Ela era a primeira filha do casal. A mãe da menina, Silvania Maria Viana da Silva, 25, afirma que o marido matou a filha porque ela era uma menina e ele queria um menino. A mãe diz que, após o nascimento da filha, as duas passaram a ser agredidas pelo homem porque ele não aceitava a filha.

"Eu apanhei dele quando estava grávida, (desde) que ele soube que era uma menina. Ele batia em nós duas porque ele não queria uma filha, sempre disse que eu devia ter um filho. Ele era muito agressivo, às vezes eu acordava com ele em cima de mim me espancando. Eu nunca fiz queixa na polícia porque ele me ameaçava", conta Silvania ao UOL.

Silvania relata que não viu quando a filha foi espancada pelo marido porque estava lavando roupas no quintal e a menina teria ficado com o pai sozinha na sala. "Eu estava cuidando das roupas e ela estava na sala com ele. Quando entrei, encontrei minha filha desacordada e toda roxa. Pedi ajuda aos vizinhos e levamos para o hospital", diz.

Hospital da Restauração - Reprodução/TV Jornal - Reprodução/TV Jornal
Bebê de cinco meses foi levada ao Hospital da Restauração, mas não resistiu
Imagem: Reprodução/TV Jornal
Familiares do pai da menina contestam a versão de Silvania e afirmam que ela foi quem matou a filha. "Ela contou duas histórias no hospital de como a bebê se machucou. Disse que ela caiu, mas depois acusou o marido de ter surrado a criança. Ela inventou essa história toda para se livrar porque era ela quem batia na menina. Nunca soubermos de agressão dele com ninguém", afirmam os avós paternos da bebê.

Segundo eles, a mãe da menina tem outros filhos, que não moram com ela porque as crianças sofriam agressões. "Os outros dois filhos dela moram com parentes porque (Silvania) batia muito nas crianças. Ela veio com essa história que a menina morreu porque é filha mulher e ela não tinha era paciência com a filha. Os vizinhos estão falando que já ouviram surras que ela dava na bebê", explicou um familiar durante a retirada do corpo da bebê do IML (Instituto de Medicina Legal) de Recife, na tarde de hoje.

Eles afirmam que Silvania não foi ao IML com medo de ser descoberto que ela seria a autora do crime. "Como é que uma mãe não vem atrás do corpo de uma filha?", questiona o familiar. Na tarde de hoje, os avós e tios paternos da menina retiraram o corpo dela para ser enterrado no cemitério de São Lourenço da Mata.

Os familiares paternos da bebê pediram para não serem identificados com medo de represálias. A casa que a menina morava com os pais foi destruída por moradores de São Lourenço da Mata, que teriam ficado revoltados com o caso.

Bebê chegou a ser levada para hospital

Na tarde da última sexta-feira, a bebê deu entrada no hospital municipal Petronila Campos, com vários hematomas no corpo, na cabeça e no rosto. Por conta do estado de saúde grave foi transferida em uma ambulância para o Hospital da Restauração, em Recife, mas ela já chegou morta ao hospital.

Augusto da Silva Cruz foi preso em flagrante em São Lourenço da Mata, ainda na sexta-feira, e levado para a Central de Plantões, em Recife. Segundo a polícia, durante depoimento, o acusado negou que espancou a filha e afirmou que a menina levou uma queda. Ele não apresentou advogado até agora e deverá ser assistido por um defensor público para fazer sua defesa durante o processo.

O acusado pelo crime passou por audiência de custódia, no último sábado (18), e a Justiça determinou a prisão preventiva dele. Cruz está preso desde ontem no Cotel (Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna), no município de Abreu e Lima, na região metropolitana de Recife.

A Polícia Civil informou que ainda está colhendo depoimentos de testemunhas e familiares para concluir o inquérito no decorrer da semana. A polícia não detalhou os nomes das pessoas que serão ouvidas para não atrapalhar as investigações.