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Defesa Civil sobre Barão de Cocais: 'Se não for amanhã, poderá cair depois'

Luciana Quierati

Do UOL, em Barão de Cocais (MG)

24/05/2019 13h29Atualizada em 24/05/2019 16h53

Documento da Vale obtido pelo Ministério Público há uma semana alertava sobre risco de ruptura entre 19 e 25 de maio de uma estrutura da mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG). A um dia da data limite, a Defesa Civil diz hoje que o fim do prazo não significa fim da ameaça.

"Pode ceder até amanhã? Pode. Como também não pode. Pode passar uma semana, porque a gente não tem uma certeza técnica de quando vai ser. O que a gente tem é uma projeção de que será até amanhã", disse o coordenador adjunto da Defesa Civil de Minas Gerais, tenente-coronel Flávio Godinho.

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A estrutura em risco é o "talude", espécie de paredão da cava da mina da Vale, que vinha se movendo 5 cm desde o fim de abril e hoje pela manhã se moveu 16 cm em um ponto mais crítico, segundo a ANM (Agência Nacional de Mineração).

"Acredito que amanhã todo mundo vai ficar o dia inteiro esperando que momento isso [queda do talude] vai acontecer. Vai haver a iniciação de desespero. Mas pode não acontecer, e, se acontecer, todas as ações para mitigar esse problema foram tomadas", disse.

O temor é que, caindo, a estrutura abale também a mina de rejeitos próxima, e a lama invada cidades vizinhas, a exemplo do que ocorreu em Mariana e Brumadinho.

A Vale diz, no entanto, que não há indícios técnicos de que isso possa acontecer.

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O coordenador da Defesa Civil diz que, depois que a Vale apresentou na terça-feira, a pedido do MP, um novo estudo de impacto, houve "potencialização da crise" na cidade.

Isso porque o novo documento aumenta a extensão da mancha de inundação em até 40 quilômetros, ultrapassando os limites de São Gonçalo, e considera que 100% do rejeito da barragem poderá vazar.

"Se chegaria até o quintal, agora iria até a porta da cozinha. Mas temos na literatura que fica entre 70 e 73%. E de qualquer forma, nosso trabalho já englobava uma mancha maior. Estávamos trabalhando com o pior cenário possível", disse Godinho.

Bancos e Correios fechados

O coordenador criticou também o fechamento de algumas agências bancárias na cidade. Desde a semana passada, agências de alguns bancos e dos correios localizadas na região central estão fechadas, com cartazes solicitando que os clientes procurem agências em cidades vizinhas.

"Tivemos agência bancária fechando desnecessariamente, porque está na área de inundação. Mas, se a barragem se romper, é 1h30 até [a lama] chegar a essas agências", disse, informando que noticiou as agências de que manter as portas fechadas não é necessário e só aumenta o clima de insegurança, desproporcionalmente ao que é de fato.