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Damares diz que Brasil e Argentina se inspiram "um no outro" sobre aborto

Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos - Divulgação/Assembleia do Espírito Santo
Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos Imagem: Divulgação/Assembleia do Espírito Santo

Luciana Rosa

Colaboração para o UOL, em Buenos Aires

30/05/2019 20h11

A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, disse na Argentina que gostaria "que as nossas nações defendessem as duas vidas, a da mãe e do bebê".

Deu entrevista no Congresso pouco antes de se encontrar com parlamentares do movimento pró-vida, os chamados "celestes" --cor do lenço que identifica os grupos contrários à legalização do aborto.

Perguntada se sua presença no país poderia ser um ponto de partida de uma grande luta pró-vida, unindo Brasil e Argentina, Damares respondeu: "Mas eu acho que isso já é, isso não nasce aqui".

"Essa luta pró-vida no Brasil e na Argentina já é grande. Nós já estamos unidos há muito tempo e um se inspirando no outro. Então, eu não creio que eu venho dar início a isso, não, eu creio que eu venho aqui rever os amigos pró-vida e eu acho que nós estamos caminhando juntos já há algum tempo."

A ministra se refere ao fato de o projeto pela legalização do aborto na Argentina ter encontrado resistência no Senado, onde 38 legisladores preferiram se posicionar contrários à lei que garantia a interrupção voluntária da gravidez até a 12ª semana de gestação. Antes de chegar ao Senado, no entanto, o texto havia sido aprovado na Câmara de Deputados, enquanto milhares de mulheres portando o lenço verde --símbolo do movimento pelo aborto legal no país-- faziam uma vigília de 24 horas do lado de fora do Parlamento.

Na última terça-feira (28), o projeto voltou a ser apresentado para votação. Esta é a oitava vez que a Argentina discutirá a regulamentação do aborto. No dia da entrega do projeto, milhares de ativistas estiveram presentes na marcha convocada para pressionar os legisladores. Por outro lado, uma manifestação convocada em março deste ano pelos lenços celestes do movimento pró-vida reuniu, somente em Buenos Aires, cerca de 300 mil manifestantes, segundo dados da própria organização.

Ainda que negue a intenção de utilizar sua posição de ministra para fazer algum tipo de ativismo contra ou a favor da legalização do aborto, diz que "a posição do Brasil é uma posição oficial pró-vida". "Quando ocupei a tribuna da ONU, em Genebra e em Nova York, deixamos muito claro que este governo defende a vida desde a concepção. É a posição oficial do Brasil."

Ela desembarcou em Buenos Aires hoje para participar da Reunião Anual de Altas Autoridades Competentes em Direitos Humanos e Chancelarias do Mercosul e Estados Associados.

Segundo a assessoria de imprensa do ministério, Damares vai tratar da parceria entre os países da região na busca por pessoas desaparecidas, aumentar a troca de experiências no enfrentamento à violência doméstica, além de assuntos relacionados ao bem-estar da família, como o suicídio e a automutilação.