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'Sem forças para falar', diz pai de jovem esquartejada em Araraquara (SP)

Jovem é esquartejada após encontrar homem que conheceu em festa

Band Notí­cias

Eduardo Schiavoni

Colaboração para o UOL, em Ribeirão Preto (SP)

11/06/2019 18h05

Desolado. Assim, Waldyr Nery, pai da adolescente de 16 anos que foi morta e esquartejada anteontem em Araraquara (SP) se definiu. O corpo da filha foi liberado pelo IML (Instituto Médico Legal) no início da tarde de hoje e o enterro deve ocorrer amanhã pela manhã. "Eu não tenho sequer forças para falar. Estou desolado", disse o pai, em rápido contato com a reportagem.

Yasmin da Silva Nery foi morta depois de marcar um encontro com um jovem de 17 anos que teria conhecido em um show no sábado (8). O corpo foi encontrado ontem após a família divulgar nas redes sociais o desaparecimento da garota. O jovem teria confessado o crime.

De acordo com a polícia, após o primeiro encontro, Yasmin e o jovem passaram a trocar mensagens por celular e ele a convidou para sua casa. Ela aceitou o convite.

Yasmin da Silva - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Jovem tentou reagir, mas levou um mata-leão e foi esquartejada pelo suspeito
Imagem: Arquivo pessoal
À polícia, ele teria relatado que, quando estavam sozinhos em casa, pediu para Yasmin fechar os olhos. "Ele deu um mata-leão nela e houve luta. Ele chegou a ser golpeado com uma faca na perna, mas acabou subjugando [dominando] a vítima", diz o delegado Fernando Bravo, responsável pelas investigações.

O adolescente disse, segundo a polícia, que Yasmin desfaleceu. Na sequência, matou-a e a esquartejou.

O rapaz diz que avisou a namorada, também de 17 anos, sobre o crime, e ela teria ajudado a ocultar partes do corpo.

Ele e a namorada foram apreendidos pela polícia. Ele foi enviado para a Fundação Casa de Araraquara, e ela aguarda, também detida, decisão das autoridades sobre sua apreensão.

Polícia diz que jovem não se arrependeu

A polícia diz que, ao ser abordado, o rapaz não negou o crime e teria demonstrado orgulho pelo ato.

No momento em que a polícia chegou à casa, a mãe do jovem, Maria Auxiliadora, estava no local. "Eu cheguei e não percebi nada de diferente, a casa estava igual. Nunca poderia imaginar. Eu estava na igreja quando aconteceu tudo. Meu filho me ajudava em casa, ele cozinha, nunca foi um menino mau. Não consigo acreditar. Eu estou mal por ele, e pela menina também", disse.

A psiquiatra Rivia Tirone, ouvida pelo UOL, diz que, em geral, jovens com tendências psicopatas "têm comportamento desafiador e baixa tolerância à frustração". "As mentiras fazem parte do seu cotidiano, assim como a crueldade com colegas mais próximos e com irmãos, às vezes com animais. Também há ausência de culpa e remorso", explica.

Preocupação nas redes sociais

No Twitter, Yasmin chegou a relatar preocupação com o encontro. "Se eu sumir/morrer, já sabe", escreveu ela em sua conta na rede social. Logo depois, relevou dúvidas sobre o encontro. "Pensando melhor, não sei se deveria ir na casa dele assim de primeira", escreveu.

Segundo a psiquiatra Tirone, é mais fácil ocultar reais intenções pelas redes sociais - o que, para ela, facilita a ação de sociopatas. "Você não olha, não ouve a voz, você lê uma mensagem. E é mais fácil enganar. Os psicopatas já são extremamente convincentes, o que é potencializado pelas redes", explica.

Ela ressalta que o perfil do jovem assassino é de um psicopata. "A crueldade do ato faz parte do que caracteriza a psicopatia. O psicopata tem intenção de ser conhecido, de ser apontado como uma espécie de referência. Esse é o prazer, e a crueldade gratuita é uma forma de alcançar esse prazer", conta.