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Pai é acusado de dar um tiro no filho; mãe cita suposta dívida de R$ 2 mi

Imagem da casa onde Eder Lincon Gonçalves da Cunha supostamente atirou no filho - Arquivo pessoal
Imagem da casa onde Eder Lincon Gonçalves da Cunha supostamente atirou no filho Imagem: Arquivo pessoal

Bruna Alves

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/06/2019 20h02Atualizada em 25/06/2019 14h35

Um homem de 28 anos ficou ferido após supostamente levar um tiro do pai, de 55, durante uma discussão no último sábado (22), em Campo Grande. A vítima foi atingida no tórax e encaminhada ao hospital, mas já recebeu alta. O suspeito se apresentou ontem na delegacia, prestou depoimento e foi liberado em seguida. Ele vai responder por tentativa de homicídio.

A mãe da vítima, que não quis que o nome dela e o do rapaz fossem divulgados, diz que as brigas entre Eder Lincon Gonçalves da Cunha e o filho tiveram início há cerca de 10 anos, quando o pai começou a usar o nome do filho para obter empréstimos e abrir empresas. Segundo ela, Cunha fez uma dívida de R$ 2 milhões no nome do rapaz e chegou a interná-lo em clínicas psiquiátricas.

O caso está sendo investigado pela 1ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande.

"Isso tudo tem que ser confirmado, porque não foi achado a arma de fogo, não foi achado o suspeito e então tudo vai ter que ser comprovado na investigação, para ver a real motivação", disse o delegado João Eduardo Davanço.

Suposta invasão e tiro

Segundo o boletim de ocorrência, Cunha estava em casa, onde funciona também sua empresa, quando o filho chegou e tentou invadir o imóvel, alegando que seria o verdadeiro proprietário. O rapaz teria pulado o muro do prédio e entrado por meio de um corredor lateral.

"No momento em que o suspeito abriu a porta da cozinha, que dá acesso ao corredor, ele pegou uma arma de fogo e efetuou o disparo em direção da vítima na região do tórax", diz o boletim de ocorrência. A Polícia Civil informou que o suspeito trancou a porta que dá acesso ao corredor para que o filho não entrasse nos demais cômodos.

O rapaz então quebrou o vidro da porta para sair e pedir ajuda. Nesse momento, encontrou uma mulher que trabalha na casa e que, de acordo com o boletim, teria recebido ordem de Cunha para chamar a Polícia e a ambulância para o filho. Em seguida, o suspeito teria fugido.

A ambulância chegou e levou o rapaz até a Santa Casa da cidade. Os médicos que o examinaram avaliaram que a bala não havia atingido nenhum órgão vital e o deixaram aguardando na sala de emergência durante a madrugada de sábado. Alegando que o filho não teve o tratamento adequado, a mãe da vítima preferiu transferi-lo para um hospital particular.

A vítima saiu antes mesmo de a transferência ser autorizada e foi para o hospital Proncor. Ele foi liberado na noite de ontem e precisará se recuperar da lesão para fazer a cirurgia de retirada da bala.

Dívidas e internação

Segundo uma fonte ouvida pelo UOL, Eder Lincon Gonçalves da Cunha e a ex-mulher ficaram juntos por cerca de 12 anos e tiveram dois filhos. A mulher teria fugido do companheiro com os dois meninos após sofrer agressões, mas as crianças voltaram a morar com o pai pouco depois, devido à falta de condições financeiras da mãe.

Quando os filhos cresceram, Cunha teria proposto sociedade a um deles, mas passou a acumular dívidas no nome do rapaz. As discussões entre eles teriam começado, ao ponto de, segundo a fonte, o filho apresentar depressão e síndrome do pânico.

No começo deste ano, segundo apurou o UOL, o suspeito teria expulsado o filho de casa, mas o rapaz não quis sair, por isso foi internado à força em uma clínica psiquiátrica. A mãe o tirou do hospital três dias depois. A invasão à casa no último sábado teria sido uma tentativa do filho de buscar seus objetos.

Outro lado

Eder Lincon Gonçalves da Cunha compareceu ontem à delegacia e alegou que não tentou matar o filho, mas que agiu em defesa própria, pois o rapaz teria invadido o imóvel e tentado agredi-lo.

"O filho pulou o muro da casa e foi para cima dele, e ele acreditou que o filho iria atacá-lo. Ele disse que atirou para cima e que o intuito dele era de assustar o filho para ele não ir para cima dele", disse a delegada Daniela Kades. O suspeito relatou onde estava a arma, que foi apreendida para perícia.

Em depoimento, Eder ainda relatou que brigou com o filho. "Ele falou que se quisesse mesmo ter matado o filho, ele estava com a arma na mão e poderia continuar atirando, mas não foi o que ele fez", explicou Daniela. Procurada pelo UOL, a defesa do suspeito não respondeu. Eder vai responder por tentativa de homicídio em liberdade.