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Operações policiais deixam 5 mortos em favela e durante baile funk

Igor Mello

Do UOL, no Rio

15/07/2019 15h07

Operações policiais nas comunidades do Morro da Coroa, no Catumbi (região central do Rio de Janeiro), e Para-Pedro, em Colégio (zona norte), deixaram hoje cinco mortos, segundo informações das polícias Civil e Militar. Em uma das ações, os tiros começaram durante um baile funk, deixando dezenas de pessoas ilhadas.

A ação na comunidade Para-Pedro foi realizada por policiais militares do 41º BPM (Irajá). Vídeos divulgados nas redes sociais mostram dezenas de pessoas ilhadas em um campo de futebol onde ocorria o baile, enquanto rajadas de tiros eram ouvidas na região.

Segundo a PM, os agentes teriam ido reprimir o tráfico de drogas e o roubo de cargas na comunidade. "Com a chegada das equipes na comunidade, houve confronto em diferentes pontos. Na ação, um criminoso morreu e outro ficou ferido, sendo socorrido para o Hospital Municipal Chalos Chagas. Duas pistolas foram apreendidas", informou a PM em nota.

Pai diz que vítima estava indo comprar pão

O morto foi identificado como Alan Cordeiro da Silva, 18. Familiares negam que ele tivesse envolvimento com o tráfico. Segundo Leandro Cordeiro da Silva, pai do jovem, ele era estudante e estava indo comprar pão quando os tiros começaram.

"A família está destruída. A família vai ter que aprender com a falta dele. Não havia necessidade disso acontecer agora. Pelo erro de um ou um grupo, foi abreviada a vida do meu filho. Assassinaram meu filho e sem envolvimento nenhum com o tráfico", afirmou a jornalistas no IML (Instituto Médico-Legal), em São Cristóvão, na zona norte.

Moradores da comunidade fizeram um protesto na Estrada do Colégio em razão da morte de Alan. Segundo a PM, durante a manifestação, um motociclista acabou sendo atingido por um disparo acidental depois de atropelar um policial. Ambos foram socorridos e levados para o PAM (posto de assistência médica) de Irajá. O policial sofreu escoriações e foi liberado. Não há informações sobre o estado de saúde do motociclista.

A Polícia Militar negou-se a comentar as denúncias da família de Alan. Segundo a corporação, as investigações do caso estão a cargo da Polícia Civil, que não deu esclarecimentos sobre as investigações até o momento.

Quatro mortos no Morro da Coroa

15.jul.2019 - Polícia Civil apreendeu armas e drogas durante operação no Morro da Coroa, no Rio de Janeiro - Divulgação/ Polícia Civil - Divulgação/ Polícia Civil
15.jul.2019 - Polícia Civil apreendeu armas e drogas durante operação no Morro da Coroa, no Rio de Janeiro
Imagem: Divulgação/ Polícia Civil

Uma ação da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), força de elite da Polícia Civil, terminou com quatro mortos no Morro da Coroa, no Catumbi, região central do Rio. De acordo com a Polícia Civil, os homens da Core atuaram em apoio à 7ª DP (Santa Teresa).

O objetivo da ação seria checar informações de inteligência sobre uma invasão de traficantes de uma facção rival, que domina favelas vizinhas ao Morro da Coroa, como Fallet-Fogueteiro e o Morro dos Prazeres. Na incursão, quatro pessoas, apontadas como suspeitas de envolvimento com o tráfico pela Polícia Civil, foram mortas. Outras quatro foram presas.

A ação teve três fuzis e três pistolas apreendidos, além de carregadores, drogas, telefones celulares e dinheiro. Os policiais conseguiram libertar sem ferimentos uma mulher que havia sido feita refém por criminosos.

Nas redes sociais, moradores relataram intenso tiroteio na região. Vídeos mostram que um helicóptero foi usado durante a ação, mas a Polícia Civil não informou se ele foi usado como plataforma de tiros ou apenas como suporte aos policiais em solo.

Região teve operação mais letal desde 2013

O confronto entre facções rivais na região central do Rio motivou a operação com mais mortes desde 2013, segundo dados obtidos pelo UOL por meio da Lei de Acesso à Informação. A ação foi realizada por PMs do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e do Batalhão de Choque em fevereiro e terminou com um saldo de 15 mortos. Segundo a PM, os policiais tentaram impedir uma tentativa de invasão na comunidade.

Nove das vítimas foram mortas dentro de uma casa em um dos acessos à comunidade. Segundo a Defensoria Pública do Rio, que acompanha o caso, diversos corpos tinham indícios de execuções. O caso está sendo investigado pela Divisão de Homicídios da Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio.

Em junho, um tiroteio ocasionado por nova tentativa de invasão, desta vez no Morro da Coroa, ocasionou a morte do cinegrafista Rafael Santos, 34. Ele foi atingido dentro de casa, em um dos acessos à comunidade. Outras duas pessoas de sua família foram baleadas, mas sobreviveram.