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Trans é vítima de sequestro e tortura; polícia investiga conotação política

Laudo pericial constatou lesão corporal sofrida por vítima de sequestro e tortura - Reprodução
Laudo pericial constatou lesão corporal sofrida por vítima de sequestro e tortura Imagem: Reprodução

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

27/07/2019 11h49

Uma garota de programa de 26 anos foi vítima de sequestro e de lesão corporal depois de ser abordada por dois homens em um carro, na manhã do último dia 16 de julho, na radial Leste, via de ligação entre centro e zona leste de São Paulo. A Polícia Civil investiga se o crime foi motivado por transfobia e se houve conotação política.

De acordo com o registro da ocorrência, a mulher, que é transexual, estava no local, por volta das 9h, esperando um ônibus, quando parou um carro sedã, de cor escura. Dentro, havia dois homens, um deles com uma arma. Ela registrou na delegacia que foi chamada pelo nome e que o homem ordenou que ela entrasse no carro.

A vítima relatou que os homens, com o carro em movimento, colocaram um saco plástico em sua cabeça para que ela perdesse a consciência. Quando estava se sentindo sufocada, recebeu ameaças. "Vamos arrancar esse silicone, depois cortamos o nariz e orelha", teriam dito os criminosos a ela. Depois disso, eles pararam o carro, a desembarcaram e passaram a puxar seu cabelo e desferir socos e chutes em várias partes do corpo.

Os criminosos apontaram a arma para a nuca da vítima em um local de barranco não identificado. A vítima informou que conseguiu se desvencilhar e correr. Enquanto fugia, ela diz que eles atiraram contra ela. Um dos disparos atingiu seu celular.

A mulher foi socorrida por pessoas que estavam na rua e levada até o hospital municipal Tide Setúbal, em São Miguel Paulista, onde foi medicada e liberada. O caso é investigado pelo 65º DP (Distrito Policial), no Artur Alvim, zona leste da capital paulista.

Até esta publicação, nenhum suspeito havia sido identificado ou preso.

PSOL diz que torturadores são bolsonaristas

Militante de esquerda, a vítima está recebendo apoio de membros do PSOL. Abalada, ela está fora de São Paulo e vem à cidade apenas para prestar esclarecimentos à polícia. Em nota divulgada pela executiva estadual do PSOL, o partido afirma que os criminosos são "declarados apoiadores do presidente Jair Bolsonaro" e que agiram "por razões manifestamente transfóbicas".

"Além do crime de ódio, as intimidações passaram para o campo político atacando suas posições em relação ao PSOL nas redes e contra o Bolsonaro. Como resultado da tortura teve ferimentos e escoriações graves em todo o corpo (joelhos, costas, ombros, dedos da mão, pescoço e rosto)", informou a nota do partido.

PSL e governo Bolsonaro não se manifestaram sobre o caso até esta publicação.

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