Topo

Mortas em naufrágio em Maragogi foram professoras e trabalharam juntas

O operador de turismo Tarcísio Silva e a mãe dele, Lucimar, que morreu no naufrágio de um catamarã em Maragogi (AL) - Reprodução/Instagram Simbora
O operador de turismo Tarcísio Silva e a mãe dele, Lucimar, que morreu no naufrágio de um catamarã em Maragogi (AL) Imagem: Reprodução/Instagram Simbora

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

30/07/2019 18h53

As duas turistas do Ceará que morreram afogadas em um naufrágio de catamarã em Maragogi (AL), no último sábado (27), eram amigas, trabalharam juntas como professoras de ensino fundamental no município de Eusébio (CE) e, uma delas, fazia trabalho social com mães de crianças com autismo.

Lucimar Gomes da Silva, 68, e Maria de Fátima Façanha Silva, 65, foram enterradas na tarde de ontem, no cemitério Jardim Metropolitano, sob forte comoção. O município decretou luto de três dias em memória às duas mulheres.

Elas estavam na embarcação com mais 58 pessoas - incluindo 6 tripulantes e 4 pessoas - quando houve o naufrágio. Elas não conseguiram sair e morreram afogadas, segundo o laudo da necropsia.

A prefeitura de Maragogi e o Ministério Público de Alagoas afirmaram que a embarcação era irregular e fazia o passeio de forma clandestina. Além disso, o barco navegava em uma área proibida.

Passeio organizado por empresa do filho

O passeio fazia parte de um pacote turístico para conhecer Maragogi e Porto de Galinhas (PE), vendido pela agência de turismo de Tarcísio Silva, filho de Lucimar.

Lucimar visitava Maragogi pela segunda vez e estava ansiosa para mergulhar no mar, segundo um dos cinco filhos da idosa.

Ela e Maria de Fátima viajaram juntas desde o Ceará, de ônibus, até Alagoas.

"As duas se conheciam da época que eram professoras do município. Minha mãe se separou havia seis anos e desde lá gostava de viajar, de realizar trabalhos voluntários. Quando ela se divorciou do meu pai, depois de 42 anos de casados, ela disse que estava em uma nova vida. Ela estava feliz nesse passeio e infelizmente aconteceu essa tragédia", conta Tarcísio Silva.

Amiga da família de Lucimar, Ana Priscilla Silva Moreira, conta que a senhora era bastante conhecida no município por conta dos trabalhos sociais.

"Ela era muito animada, alegre e bastante conhecida na cidade porque ajudava muita gente. Sou amiga de um dos filhos dela. Ontem, estava sem condições de falar no enterro. Foi tudo muito triste, a tia Lu estava feliz. Estou destruída com essa tragédia", relata Moreira.

"A cidade parou para se despedir delas. Minha mãe era muito católica, religiosa, assim como dona Fátima. Elas eram alegres, delicadas. Como era professora do ensino fundamental, tinha contato com muitas mães e elase dedicou a vida toda a ajudar mães de crianças com deficiência e com autismo", completa Silva.

Inquérito

A Capitania dos Portos de Alagoas informou que instaurou inquérito para apurar as causas, circunstâncias e responsabilidades do acidente.

"Durante a apuração serão realizadas oitivas de testemunhas, análise de documentos e perícia, bem como outros procedimentos que sejam necessários. Após concluído, o inquérito será encaminhado ao Tribunal Marítimo, a quem cabe julgar os acidentes e fatos da navegação", divulgou em nota.