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Pais estranham falta de semelhança e descobrem que hospital trocou bebês

Da esq. para a dir: Genésio, Pauliana, Aline e Murillo, casais que tiveram seus bebês trocados em um hospital de Goiás - Arquivo pessoal
Da esq. para a dir: Genésio, Pauliana, Aline e Murillo, casais que tiveram seus bebês trocados em um hospital de Goiás Imagem: Arquivo pessoal

Bruna Alves

Colaboração para o UOL, em São Paulo

30/07/2019 14h46

Dois casais tiveram seus bebês recém-nascidos trocados em uma maternidade de Trindade (GO) e estão aguardando na mesma casa o resultado do teste de DNA que deve sair amanhã. Em nota, o Hospital Estadual de Urgências de Trindade (Hutrin), confirmou a troca dos bebês.

Era 9 de julho quando Murillo Marquez Praxedes Lobo acompanhava a mulher, Aline de Fátima Bueno Alves, para dar à luz o filho. No mesmo hospital, alguns minutos depois, nasceu também o bebê de Genésio Vieira de Sousa e Pauliana Maciel Aguiar de Sousa.

As famílias foram para casa com seus respectivos bebês, porém um dos pais começou a desconfiar de que aquele podia não ser seu filho, pela falta de semelhança. Genésio e Pauliana são morenos e a criança que levaram para casa é branca e tem os olhos claros.

O casal decidiu então fazer um teste de DNA por conta própria. O resultado saiu em dois dias e confirmou que eles não eram os pais biológicos daquela criança.

"No dia a dia, o pai fica ali caçando um dedinho que parece com ele, um nariz, um olho. Essa novela foi toda através de mim. Houve todo um desgaste físico e mental", disse Genésio ao UOL.

"Como eu já sou pai de quatro filhos, a gente já tem uma certa experiência, e foi o que me levou a começar as minhas suspeitas. Enquanto eu não tiver certeza da verdade eu não sossego".

O bebê permaneceu com eles por 19 dias, mas depois, com a confirmação do exame, o casal foi ao hospital para relatar o ocorrido. Segundo a família, não houve interesse do hospital em esclarecer os fatos.

Com o resultado do DNA em mãos, o casal então procurou a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) da cidade de Trindade para relatar uma suposta troca dos bebês, no último final de semana.

"Para mim, ele é meu filho"

Do outro lado, Murillo e Aline ficaram com o bebê mais moreno, e como eles são brancos, também começaram a desconfiar.

"A princípio não desconfiei, mas depois de alguns dias quando eu fui no retorno (no hospital), a gente já via que o bebê não parecia nada comigo e nem com o Murillo. Mas a gente jamais pensou que isso realmente poderia acontecer", afirmou Aline.

O casal, que mora em Santa Bárbara de Goiás, interior de Goiás, conta que recebeu uma ligação na última sexta-feira do pai do outro bebê, dizendo que o menino que estava com ele, não era seu filho biológico. Então, Aline e Murillo foram para a delegacia no dia seguinte, para relatar também suas suspeitas.

Os casais já fizeram um exame de DNA ontem para confirmar a paternidade dos bebês. As mães continuam muito abaladas com a troca dos filhos.

"É muito complicado, porque para mim ele é meu filho. Me entregaram ele como meu filho e para mim é tudo muito doloroso", disse Aline.

Polícia abre inquérito para investigar a troca

As investigações estão sendo realizadas pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). A delegada responsável pelo caso, Renata Vieira, informou que um dos casais procurou a delegacia no último final de semana para prestar queixa sobre a troca dos bebês. Então, a equipe entrou em contato com o outro casal, que também havia tido um bebê no mesmo dia.

"Nós acreditamos que houve a troca dos bebês quando chegou no quarto, porque eles estavam identificados corretamente, mas quando entregaram, eu acredito que não confirmaram quem era a mãe", explica Renata.

Segundo a delegada, ontem mesmo a polícia já queria efetuar a troca dos bebês, embora não tivesse saído o resultado do exame. "O bebê da Aline é a cara da Aline e o da Pauliana é a cara da Pauliana, mas mesmo assim elas ficaram inseguras e decidiram esperar o resultado do exame, que só sai amanhã".

As famílias então ouviram a orientação da delegada, e Aline e Murillo foram para a casa de Genésio e da esposa ontem - onde devem permanecer até sair o resultado oficial do exame genético. Depois, cada casal ficará com seu filho biológico.

A DPCA um inquérito para investigar o caso. "Muito provavelmente alguém será indiciado pelo crime de identificação incorreta de neonato e as pessoas já estão sendo ouvidas", afirma a delegada.

Procurado pelo UOL, o Hospital Estadual de Urgências de Trindade (Hutrin), confirmou que houve a troca dos bebês e disse que está colaborando com as investigações da polícia.

Em nota, o Hospital informou, ainda, que está sendo realizada uma auditoria interna para apurar os fatos, e disse que os funcionários envolvidos foram afastados.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Murilo e Aline moram em Santa Bárbara de Goiás e não em Santa Bárbara d'Oeste (SP), como havia sido informado no texto. A informação foi corrigida.