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"Narcoguerrilhas enfrentam o Brasil", diz Mourão sobre morte de Ághata

Mourão reforçou versão de tiroteio, mas a família de Ághata nega - Leco Viana/TheNews2/Estadão Conteúdo
Mourão reforçou versão de tiroteio, mas a família de Ághata nega Imagem: Leco Viana/TheNews2/Estadão Conteúdo

Marina Lang

Colaboração para o UOL, no Rio

24/09/2019 16h22

O presidente em exercício Hamilton Mourão (PRTB) se referiu hoje à morte de Ághata Felix, 8, no Complexo do Alemão no final de semana, dizendo que "narcoguerrilheiros" estão enfrentando o estado brasileiro.

A criança foi morta por um tiro dado por um policial militar quando voltava de uma atividade com a mãe na madrugada de sábado. Embora a PM tenha dito que foi atacada, a família de Ághata negou que houvesse ataque ou confronto quando a menina foi atingida pelas costas.

A declaração do vice-presidente foi dada na palestra "Desafios de uma Nação", ministrada por ele na sede principal do Círculo Militar, no centro do Rio. Em 1h30 de fala, Mourão listou sua visão de desafios pelos quais o Brasil está passando ou passará.

"Ontem falei a vocês, jornalistas, sobre a tragédia da morte dessa criança Ághata. Vemos narcoguerrilhas que enfrentam o Estado brasileiro", opinou o vice-presidente. "Além do narcotráfico, temos como desafio o crime organizado, a burocracia, as catástrofes ambientais e climáticas", listou em seguida.

Ao mencionar a morte de Ághata novamente durante a palestra, ele acrescentou: "O Estado que tem que estar presente. Não é o traficante que tem que dar luz, água, internet. O Estado tem que estar presente".

"Favela tem que ter casa com número, tem que ter luz elétrica, tem que ter água e esgoto. A mesma questão fundiária que ocorre na Amazônia ocorre aqui. Nós temos que resolver isso aí. Mas passa pelos governos do estado e pelos governos municipais", prosseguiu.

Além da segurança pública, Mourão listou as prioridades do governo brasileiro para esta gestão: "agenda de produtividade, problema fiscal e estabelecer política de estado, não de governo".

Mourão elogia Bolsonaro na ONU

O presidente em exercício também se disse "orgulhoso" quanto ao discurso do presidente Jair Bolsonaro (PSL) na ONU, feito horas antes, e endossou a ideia de Bolsonaro de que, ao contrário do que dizem cientistas, "a Amazônia não é o pulmão do mundo".

"Amazônia não é pulmão do mundo, nem patrimônio da humanidade, é patrimônio brasileiro e cabe a nós defendê-lo", disse ele, que é presidente em exercício devido à viagem de Bolsonaro para a Assembleia Geral da ONU.

"Hoje o discurso do presidente Bolsonaro foi extraordinário: bateu em soberania, em questão indígena, colocou a questão do meio ambiente e o posicionamento do Brasil sobre ditaduras ao redor do mundo, ou seja, foi um discurso patriótico e altivo", acrescentou Mourão. "A única coisa que eu e General Augusto Heleno falamos foi: 'fale de coração", afirmou.

Além disso, o presidente em exercício defendeu privatizações de estatais brasileiras, a MP da liberdade econômica e a abertura comercial do Brasil.

"Temos que privatizar as empresas estatais que só dão prejuízo. Elas são uma ideia boa de início, mas depois viram um cabide de emprego", apontou ele. "A iniciativa privada controlada pelas agências reguladoras vai nos dar uma nova diapasão", acrescentou.

"[É preciso] Desburocratizar e desregular o mercado. Nós somos o país do cartório e do carimbo. A MP da Liberdade Econômica foi assinada pelo presidente. Se eu quero abrir meu salão de cabeleireiro, vou lá e abro. Não preciso tirar 400 alvarás. É tanto problema. E isso muda radicalmente a relação de sócios com empresas. É um avanço enorme na liberdade econômica e da desburocratização do país", opinou.

Após a palestra no centro do Rio hoje, Mourão retorna a Brasília.