Topo

"Não vou me esconder", diz jovem que teve couro cabeludo arrancado em kart

Débora Oliveira concede primeira entrevista coletiva após acidente em kart - Divulgação
Débora Oliveira concede primeira entrevista coletiva após acidente em kart Imagem: Divulgação

Eduardo Schiavoni

Colaboração para o UOL, em Ribeirão Preto

11/10/2019 09h36

Orgulho das cicatrizes e uma vontade sem tamanho de ir ao cinema. Assim a auxiliar de educação Débora Oliveira, 19, define sua situação atualmente. Ela teve o couro cabeludo completamente arrancado depois de um acidente ocorrido em Recife, em 11 de agosto, enquanto participava de uma corrida de kart. Desde então, passou por 18 procedimentos cirúrgicos em Ribeirão Preto, onde está internada há pouco menos de dois meses, e deve receber alta amanhã.

Para Débora, o fato de nunca mais ter cabelos naturais - o couro cabeludo foi totalmente comprometido - não é um problema. "É um dos desafios que eu vou ter que viver, pois para uma mulher é muito complicado perder essa parte da estética. Mas eu não vou ter vergonha. Sinto que muitas das vezes nos escondemos com medo de nos sentirmos feias ou desaprovadas, e eu não quero sentir isso", disse Débora, em entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira no Hospital Especializado, onde está internada.

Débora falou com a imprensa pela primeira vez desde sua internação. Ela quer aproveitar a repercussão nacional de seu caso para mostrar às pessoas que elas devem se orgulhar da sua aparência. "Muitas mulheres e homens sofrem de problemas que levam à calvície. Elas sentem medo, se escondem e sofrem. Não quero seguir esse caminho, quero sentir orgulho disse. Posso usar peruca, não usar, mas quero que isso seja uma coisa boa. Tem que ir pelo lado bom. Ter orgulho das cicatrizes", disse.

Curativos e enxerto de gordura

Apesar da alta, o cirurgião Daniel Lazo, que integra a equipe que fez operações em Débora, explicou que a jovem terá que retornar ao hospital duas vezes por semana, pelo menos até o fim de outubro, para fazer curativos. "A partir de janeiro vamos enxertar gordura e reconstrução dos supercílios. Em junho de 2020 será possível refazer exames ambulatoriais simples de serem resolvidos", comentou o especialista.

Segundo Eduardo Tumajan, namorado de Débora e que a acompanha em Ribeirão Preto, a tendência é que, depois de outubro, o casal se mude para São Paulo, onde seguirá o tratamento. Voltar a Ribeirão Preto também é uma opção. "Vamos fazer tudo que for melhor para o bem-estar dela."

Sonho de ser neurocirurgiã

Débora pretende ser neurocirurgiã. Ela acredita que a experiência como paciente vai contribuir para o seu futuro profissional. "Eu falo para os meus doutores que isso me deu a chance de saber como é estar do lado do paciente. Essa experiência me mostrou como é importante ter empatia com o paciente. Vou pegar as coisas boas de toda situação."

Animada com a alta médica, Débora lamentou o fato de não poder voltar para sua cidade natal, Recife, mas já tem certeza sobre o que fará ao deixar o hospital. "Quero fazer muitas coisas, mas primeiro vou assistir a um filme, vou ao cinema, que é o que eu fazia antes", disse ela, sem relevar qual atração pretende ver.