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PM é afastado após agredir adolescente de 13 anos em Mato Grosso do Sul

Adolescente de 13 anos está na Santa Casa de Campo Grande - Acervo Pessoal
Adolescente de 13 anos está na Santa Casa de Campo Grande Imagem: Acervo Pessoal

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL, de Porto Alegre

29/10/2019 18h23

Um policial militar foi afastado das atividades externas após agredir um adolescente de 13 anos em Coxim, no Mato Grosso do Sul, a 217 quilômetros de distância de Campo Grande. O caso ocorreu na última quinta-feira (24) quando o PM estava de folga. Segundo a família, o adolescente estava brincando com um amigo quando uma pedra atingiu a casa do policial militar, que correu atrás do garoto e passou a agredi-lo.

Uma tia do adolescente, de 40 anos, que pediu para não ser identificada, estava sentada na frente de casa tomando tererê com o marido quando viu um vulto passar pelo portão e, em seguida, começaram os gritos do parente. Ela correu e encontrou o sobrinho caído no chão. "Nisso, eu já vi policial agredindo meu sobrinho. Eu gritei e disse para não fazer aquilo que só tinha um rim".

Segundo a tia, ninguém tentou conter o PM por receio que ele estivesse armado. Em seguida, a esposa do policial foi até o local e retirou o homem dali.

"Foi tudo muito rápido. Meu sobrinho e um amigo estavam brincando de jogar pedras um no outro e deu a infelicidade de cair pedra na casa desse policial", falou a tia.

O adolescente começou a vomitar na calçada e foi levado ao Hospital Regional Álvaro Fontoura. No sábado (26), ele foi transferido para a Santa Casa de Campo Grande. A mãe do adolescente, que também não quer se identificar, disse que o filho precisa passar por uma cirurgia, mas até agora os médicos não conseguiram conter uma hemorragia na região do abdômen. Segundo a mãe, há risco do garoto perder o único rim em funcionamento - por um problema genético, ele nasceu apenas com um rim.

Fotos repassadas pela família para o UOL mostram lesões na cabeça, nas costas e na região dos rins. Conforme a Santa Casa, o adolescente está em estado estável e está sendo acompanhado por um médico nefrologista. A unidade confirmou a hemorragia na região do rim e observou que, caso não seja contida, o adolescente deve fazer uma cirurgia.

Conforme o comandante da Polícia Militar de Coxim, major Luiz Cesar de Souza Herculano, um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado para apurar a conduta do cabo. O procedimento tem 40 dias para ser concluído e pode ser prorrogado, mas o oficial pediu rapidez nas apurações devido à "gravidade e comoção". "Não compactuamos com nenhum tipo de violência ainda mais com uma criança de 13 anos", salienta Herculano.

A tia do adolescente e o PM já foram ouvidos e apresentaram versões diferentes. Segundo o oficial, o policial investigado alega que o adolescente pulou um muro e jogou pedras em sua casa. Além disso, o PM afastado afirmou que o adolescente entrou em luta corporal com ele. A tia nega que o adolescente começou a briga e que tenha pulado o muro. Questionado se houve abuso do subordinado, Herculano observa que as circunstâncias estão sendo apuradas. "Vou aguardar parecer (do IPM) e tomar as providências." Segundo Herculano, o cabo vai fazer trabalho interno até o IPM ser concluído.

A reportagem do UOL tentou contato com o policial militar, que não atendeu as ligações nem respondeu as mensagens.