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Chacina de Costa Barros: Penso todo dia na cena do crime, diz pai de vítima

28.nov.2015 - Roberto de Souza Penha, 16, um dos cinco jovens mortos por uma patrulha da PM que atirou contra o carro em que estavam em Costa Barros, na zona norte do Rio de Janeiro - Reprodução/Facebook
28.nov.2015 - Roberto de Souza Penha, 16, um dos cinco jovens mortos por uma patrulha da PM que atirou contra o carro em que estavam em Costa Barros, na zona norte do Rio de Janeiro Imagem: Reprodução/Facebook

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

07/11/2019 23h14

Pai de uma das cinco vítimas da Chacina de Costa Barros, Jorge Roberto Penha disse hoje, durante depoimento que fez parte do julgamento de três dos quatro policiais militares acusados de matar cinco jovens com 111 tiros, em novembro de 2015 na zona norte do Rio, que se lembra diariamente na imagem do filho, Roberto de Souza Penha, 16, e outros quatro amigos mortos.

Ele contou que o crime aconteceu próximo da casa onde a família morava e foi uma das primeiras pessoas a chegar ao local. Jorge Roberto também ratificou a informação que já constava nas investigações do caso, de que os PMs teriam adulterado a cena do crime.

"Eu estava vendo TV, quando fui avisado de um crime próximo de casa. O meu filho era um trabalhador que havia saído, naquela noite, para aproveitar o seu primeiro salário. Me disse todo feliz que ia pagar tudo para os amigos naquela noite, mas acabou morto. Só eu sei como tenho vivido desde então. Penso todos os dias na cena do crime e posso garantir que uma arma foi colocada ali para forjar um auto de resistência. Nenhum deles estava armado", relatou.

O julgamento de três dos quatro PMs será concluído amanhã (8). Os PMs Antonio Carlos Gonçalves Filho, Fabio Pizza Oliveira da Silva, Thiago Resende Viana Barbosa e Marcio Darcy Alves dos Santos respondem na Justiça por homicídio, tentativa de homicídio e fraude processual. Além de Roberto de Souza Penha, foram assassinados na ocasião Wilton Esteves Domingos Júnior, 20, Carlos Eduardo da Silva de Sousa, 16, Wesley Castro Rodrigues, 25, e Cleiton Correa de Souza, 18.

Os jovens haviam passado a tarde do dia 28 de novembro de 2015 no Parque de Madureira, na zona norte da capital fluminense, comemorando o primeiro salário de Roberto. Após chegarem em casa, decidiram sair novamente para fazer um lanche. No trajeto, tiveram o carro em que estavam metralhado pelos PMs.

Wilkerson Luis de Oliveira Esteves e Lourival Júnior, que estavam em uma moto que seguia o carro, sobreviveram. Oito meses depois, Wilkerson morreu vítima de um aneurisma cerebral.

Na época, os PMs disseram que confundiram o carro no qual estava o grupo, um Fiat Pálio branco, com outro veículo, que havia sido usado para o roubo de um caminhão de bebidas próximo dali.