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Casal é preso suspeito de dar golpe em ricos em estado terminal no PR

Casal é preso suspeito de extorquir vítimas ricas em estado terminal no Paraná - Reprodução
Casal é preso suspeito de extorquir vítimas ricas em estado terminal no Paraná Imagem: Reprodução

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL

22/11/2019 16h46

Um casal que ostentava uma vida luxuosa foi preso em Curitiba suspeito de aplicar golpes em vítimas de alto poder aquisitivo e em estado terminal. Segundo as investigações, os cabeleireiros Renan Correia Lemes, 35 anos, e Hozeias de Jesus Batista, 34 anos, aproximavam-se dos lesados após contato nas redes sociais. Em seguida, começavam a transferir investimentos, carros e imóveis para seus nomes.

Até agora, a polícia já conseguiu identificar 15 vítimas, mas o volume movimentado por eles ainda está sendo contabilizado. O delegado Guilherme Dias, responsável pela investigação, explica que os crimes passaram a ser praticados a partir de 2006 e, ao longo do tempo, foram sendo aperfeiçoados. "Iniciaram-se com pequenos delitos, algumas fraudes com uma técnica mais simples, depois eles evoluíram, começaram a vender imóveis de outras pessoas. Em um dos casos a vítima deu entrada de R$ 80 mil e depois descobriu que o imóvel não pertencia a ele", disse o delegado.

Um idoso de 75 anos teve prejuízo de mais de R$ 1 milhão. A investigação iniciou após a família do homem comunicar o desaparecimento dele à polícia. Ele acabou sendo localizado em um abrigo.

"Ele é uma pessoa que já tem a saúde bem debilitada, atualmente perdeu os movimentos da cintura para baixo, respira com aparelhos, tem vários problemas de saúde e não soube sequer precisar quem o havia internado nessa clínica. Então, nós demos continuidade à investigação, verificamos quem, de fato, internou e essa pessoa estava em poder de uma procuração com amplos poderes para dispor de todos os bens da vítima", detalha o delegado.

Em 20 dias todas as aplicações financeiras do idoso foram transferidas. "O patrimônio da vítima reunido em 75 anos foi todo dilapidado", salienta Dias. "No mesmo dia que eles conseguiram efetivar a procuração desse idoso, foram adquiridos celulares de R$ 8 mil, carro, imóveis. Então, todo esse patrimônio foi rapidamente incorporado no patrimônio desses investigados".

Outra vítima era um homem com câncer, de 30 anos, aposentado por invalidez. Segundo o delegado, Lemes falsificou uma união estável no qual consta que "convivem maritalmente em união estável desde o dia 31/12/2011 de forma ininterrupta, sob o mesmo teto" e define regime de bens de comunhão universal.

"Essa união estável é reconhecidamente fraudulenta, já que os dois cabeleireiros mantêm uma relação ao longo dos anos", reforça o delegado. Com a morte do homem de 30 anos, nove dias após a assinatura do documento, em fevereiro de 2018, Lemes tornou-se o único herdeiro. "São circunstâncias absolutamente suspeitas, que ainda serão examinadas nesse inquérito policial", salientou o delegado.

No mês seguinte, os cabeleireiros viajaram para França e Itália. Em setembro de 2019, visitaram Espanha e novamente a Itália. "Demonstra aí que eles se utilizavam muito bem o dinheiro que eles conseguiam da vitima", salienta Dias.

Conforme o delegado, a abordagem da dupla era rápida e envolvente. "Nesses dois casos específicos não havia familiares próximos naquele momento, e eles rapidamente conseguiram ganhar confiança dessas vítimas ou se utilizar da vulnerabilidade, da saúde debilitada, para conseguir dispor de todos os bens dela", acrescenta Dias.

O casal foi preso em casa, localizada no andar superior do salão de beleza de propriedade da dupla. Segundo a Polícia Civil, Batista foi solto ontem, mas passou a usar tornozeleira eletrônica. Já Lemes, que acumula 15 antecedentes criminais por estelionato, continua preso. O casal vai responder por estelionato, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.

Os dois prestaram depoimento à polícia, entretanto, o delegado não informou o conteúdo da oitiva. Disse apenas que Lemes afirmou que mantinha relacionamento com o homem de 30 anos por nove anos. "Mas todas as provas indicam o contrário. Os vizinhos, os familiares, nenhum deles reconheceu esses autores."

A reportagem tentou contato com o advogado Jorge Luiz Fayad Nazário, que representa a dupla suspeita do crime, mas não obteve resposta até a publicação da matéria.