Casal é preso suspeito de dar golpe em ricos em estado terminal no PR
Um casal que ostentava uma vida luxuosa foi preso em Curitiba suspeito de aplicar golpes em vítimas de alto poder aquisitivo e em estado terminal. Segundo as investigações, os cabeleireiros Renan Correia Lemes, 35 anos, e Hozeias de Jesus Batista, 34 anos, aproximavam-se dos lesados após contato nas redes sociais. Em seguida, começavam a transferir investimentos, carros e imóveis para seus nomes.
Até agora, a polícia já conseguiu identificar 15 vítimas, mas o volume movimentado por eles ainda está sendo contabilizado. O delegado Guilherme Dias, responsável pela investigação, explica que os crimes passaram a ser praticados a partir de 2006 e, ao longo do tempo, foram sendo aperfeiçoados. "Iniciaram-se com pequenos delitos, algumas fraudes com uma técnica mais simples, depois eles evoluíram, começaram a vender imóveis de outras pessoas. Em um dos casos a vítima deu entrada de R$ 80 mil e depois descobriu que o imóvel não pertencia a ele", disse o delegado.
Um idoso de 75 anos teve prejuízo de mais de R$ 1 milhão. A investigação iniciou após a família do homem comunicar o desaparecimento dele à polícia. Ele acabou sendo localizado em um abrigo.
"Ele é uma pessoa que já tem a saúde bem debilitada, atualmente perdeu os movimentos da cintura para baixo, respira com aparelhos, tem vários problemas de saúde e não soube sequer precisar quem o havia internado nessa clínica. Então, nós demos continuidade à investigação, verificamos quem, de fato, internou e essa pessoa estava em poder de uma procuração com amplos poderes para dispor de todos os bens da vítima", detalha o delegado.
Em 20 dias todas as aplicações financeiras do idoso foram transferidas. "O patrimônio da vítima reunido em 75 anos foi todo dilapidado", salienta Dias. "No mesmo dia que eles conseguiram efetivar a procuração desse idoso, foram adquiridos celulares de R$ 8 mil, carro, imóveis. Então, todo esse patrimônio foi rapidamente incorporado no patrimônio desses investigados".
Outra vítima era um homem com câncer, de 30 anos, aposentado por invalidez. Segundo o delegado, Lemes falsificou uma união estável no qual consta que "convivem maritalmente em união estável desde o dia 31/12/2011 de forma ininterrupta, sob o mesmo teto" e define regime de bens de comunhão universal.
"Essa união estável é reconhecidamente fraudulenta, já que os dois cabeleireiros mantêm uma relação ao longo dos anos", reforça o delegado. Com a morte do homem de 30 anos, nove dias após a assinatura do documento, em fevereiro de 2018, Lemes tornou-se o único herdeiro. "São circunstâncias absolutamente suspeitas, que ainda serão examinadas nesse inquérito policial", salientou o delegado.
No mês seguinte, os cabeleireiros viajaram para França e Itália. Em setembro de 2019, visitaram Espanha e novamente a Itália. "Demonstra aí que eles se utilizavam muito bem o dinheiro que eles conseguiam da vitima", salienta Dias.
Conforme o delegado, a abordagem da dupla era rápida e envolvente. "Nesses dois casos específicos não havia familiares próximos naquele momento, e eles rapidamente conseguiram ganhar confiança dessas vítimas ou se utilizar da vulnerabilidade, da saúde debilitada, para conseguir dispor de todos os bens dela", acrescenta Dias.
O casal foi preso em casa, localizada no andar superior do salão de beleza de propriedade da dupla. Segundo a Polícia Civil, Batista foi solto ontem, mas passou a usar tornozeleira eletrônica. Já Lemes, que acumula 15 antecedentes criminais por estelionato, continua preso. O casal vai responder por estelionato, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
Os dois prestaram depoimento à polícia, entretanto, o delegado não informou o conteúdo da oitiva. Disse apenas que Lemes afirmou que mantinha relacionamento com o homem de 30 anos por nove anos. "Mas todas as provas indicam o contrário. Os vizinhos, os familiares, nenhum deles reconheceu esses autores."
A reportagem tentou contato com o advogado Jorge Luiz Fayad Nazário, que representa a dupla suspeita do crime, mas não obteve resposta até a publicação da matéria.
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