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Funcionários da Vale são agredidos durante audiência em Catas Altas (MG)

Carlos Eduardo Cherem

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

18/12/2019 11h09Atualizada em 18/12/2019 17h16

Resumo da notícia

  • Jovem citou tragédia de Brumadinho antes da agressão
  • Ele fugiu, mas já foi identificado pela polícia
  • A reunião discutia a expansão de um complexo minerário na região

Dois funcionários da Vale foram agredidos durante reunião com moradores do município de Catas Altas (MG), distante 120 km de Belo Horizonte, na noite de segunda-feira (16).

Em audiência pública realizada na Escola Estadual João 23, no distrito de Morro d´Água, para discutir a expansão do complexo minerário da Vale no município, um jovem discursou.

Ao final, ele anunciou: "isso que eu vou fazer é pelas mais de 200 pessoas inocentes que, eu sei, eles (Vale) nunca vão pagar", em alusão ao desastre do rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho, ocorrido há onze meses e que matou 252 pessoas. Outras 13 estão desaparecidas.

Na sequência, o rapaz parte para cima de um funcionário da Vale, que estava sentado à mesa, coordenando a reunião. Ele pula em cima da mesa e esmurra o funcionário, diversas vezes, que se abaixa, protegendo-se com os braços.

Um funcionário terceirizado da Vale tenta conter o agressor, puxando-o por trás. Os dois caem no chão, e o funcionário também leva socos e chutes.

A cena foi gravada em vídeo que circula na internet. O agressor foi identificado como Renato Soares de Oliveira, 20. O UOL não conseguiu contato com a defesa dele.

A PM (Polícia Militar) foi acionada, após a agressão, mas o homem pulou uma janela, saiu correndo e não foi encontrado até a conclusão desta reportagem.

A equipe de policiais, que atendeu à ocorrência, registrou um boletim de ocorrência do episódio, encaminhado à Polícia Civil de Minas Gerais, que vai abrir um inquérito para apurar os fatos.

Expansão do complexo minerário da Vale

A reunião com moradores de Catas Altas teve o objetivo de discutir a expansão do complexo minerário de Fazendão, no município. O complexo compreende três minas: São Luiz, Tamanduá e Almas.

Durante a audiência pública, moradores utilizaram faixas e cartazes, e se manifestaram contrários ao empreendimento da Vale, por conta da ampliação dos impactos ambientais na região.

Por meio de nota, a Vale afirmou que "repudia os atos de violência contra seus empregados durante a reunião pública". De acordo com a mineradora, foi registrado um boletim de ocorrência sobre o caso. "As medidas cabíveis serão tomadas", informa a nota.

"A empresa esclarece que esteve presente na reunião a convite da prefeitura da cidade para dialogar com a comunidade do Morro da Água Quente e esclarecer, de forma transparente, todas as dúvidas em relação às operações da empresa na região", diz o comunicado.