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Morador de rua morre na calçada em frente à unidade de Saúde no Rio

Coordenação Regional de Emergência (CER), no Rio de Janeiro - Reprodução/Google Street View
Coordenação Regional de Emergência (CER), no Rio de Janeiro Imagem: Reprodução/Google Street View

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

19/12/2019 17h53

Em meio à crise na Saúde do Rio, um homem, morador de rua, morreu na manhã de hoje na calçada do CER (Centro de Emergência Regional), localizada na Rua Frei Caneca, no Centro da capital fluminense. A unidade oferece atendimento de urgência e emergência, funciona 24 horas, e fica localizada perto do Hospital Souza Aguiar. O CER serve para absorver o atendimento de casos de menor complexidade, deixando o Souza Aguiar liberado para atendimento de traumas e cirurgias.

De acordo com relatos, o morador de rua estava a mais de um dia tentando atendimento no CER no Centro. O vendedor Rafael Nunes, que trabalha em uma loja de azulejos na mesma calçada da unidade, disse ter visto o morador entrar e sair do local.

"Ele já esteve por aqui outras vezes. Desde ontem, ele começou a entrar e sair dali [da unidade de saúde], até que não resistiu, parece. O corpo dele ficou aqui por horas ainda. Muito triste. Os pedestres tiveram que ficar desviando do corpo até a chegada do rabecão. Que situação chegamos", lamentou o comerciante.

De acordo com informações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), às 9 horas da manhã foi solicitada ajuda na unidade para atendimento a uma pessoa que estava passando mal na rua e duas médicas do plantão foram até a calçada prestar socorro ao paciente.

No local, as profissionais foram avisadas por policiais militares que o homem já havia sido atendido por bombeiros do GSE (Grupamento de Socorro e Emergência), que constataram o óbito. O homem ainda não foi identificado. O corpo foi removido do local às 12h40 e levado para o Instituto Médico Legal (IML, na sigla). Ainda não há informações sobre o que causou a morte do morador de rua.

A secretaria municipal de Saúde informou através de nota que "embora não haja relato da equipe de plantão de atendimento do paciente na unidade durante a madrugada, a Coordenação Geral de Emergência do Centro abrirá sindicância para apurar os acontecimentos".

Crise na Saúde

A Defensoria Pública do Rio e o Ministério Público do Rio acusam a gestão de Marcelo Crivella, prefeito da cidade, de retirar pouco mais de R$ 1,6 bilhão do orçamento da Saúde do Rio desde 2017.

A crise no setor se agravou com a falta de repasses do governo municipal para as Organizações Sociais (OSs) que administram parte dos hospitais e das unidades de saúde. Os salários dos funcionários dessas OSs chegaram a ficar atrasados durante três meses, o que levou a paralisação dos serviços no dia 10 de dezembro. Pacientes passaram a enfrentar filas ainda maiores para conseguirem atendimentos. Sem sucesso, muitos acabam desistindo da consulta.

Na semana passada, por conta do atraso nos salários, a Justiça determinou o arresto (uma apreensão judicial) de R$ 300 milhões nas contas da prefeitura. Com isso, na terça-feira, a Secretaria Municipal de Fazenda publicou uma resolução paralisando de forma provisória todos os pagamentos a serem realizados pelo Tesouro Municipal. Assim, não foi feito o depósito da segunda parcela do 13º salário dos servidores municipais, que estava previsto para a própria terça-feira.

Segundo o governo, a suspensão dos pagamentos foi necessária para ajustar as contas do município após os pedidos de arresto. Hoje, a prefeitura do Rio anunciou que está retomando os pagamentos suspensos há dois dias.

Repasse federal

Na semana passada, o ministro interino da Saúde, João Gabbardo, anunciou repasse emergencial de R$ 152 milhões para a prefeitura. Segundo ele, o valor será pago em duas parcelas de R$ 76 milhões cada, uma em dezembro e outra em janeiro

Ambas dizem respeito ao dinheiro repassado pela União mensalmente para que estados e municípios paguem serviços de atendimento hospitalar de média e alta complexidade (o chamado teto MAC). Ele costuma ser parcelado em 12 vezes. No caso do Rio, para normalizar o atendimento de 24 unidades de saúde paralisadas, o governo adiantará todas as parcelas de 2020, concentrando-as em janeiro.