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Cedae confirma exoneração após crise da água, mas não dá prazo para solução

15.jan.2020 - O presidente da Cedae, Hélio Cabral, bebe água durante entrevista e diz estar própria para consumo - Ricardo Cassiano/Agência O Dia
15.jan.2020 - O presidente da Cedae, Hélio Cabral, bebe água durante entrevista e diz estar própria para consumo Imagem: Ricardo Cassiano/Agência O Dia

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

15/01/2020 12h37

Resumo da notícia

  • O chefe de tratamento de água do Rio Guandu, Júlio César Antunes, foi exonerado
  • A Cedae nega que o desligamento tenha relação com a crise de abastecimento
  • O presidente da empresa não estipulou prazo para solução do problema
  • Equipamentos para tratar água foram comprados e serão instalados com urgência

O presidente da Cedae, Hélio Cabral, confirmou hoje a saída de Júlio César Antunes do cargo de chefe de tratamento de água do Rio Guandu, mas negou que a mudança se deva à crise de abastecimento que atinge o estado desde o último dia 6. Antunes, que é funcionário público, passa a integrar a equipe da qual era diretor.

De acordo com Cabral, a mudança já estava prevista antes de as águas da Estação de Tratamento do Rio Guandu terem sido atingidas por geosmina, substância orgânica produzida por um tipo de alga e que foi responsável por mudar o gosto e o cheiro da água que chega à casa do consumidor, segundo a Cedae.

O biólogo Pedro Ortolano assumirá o cargo em meio à crise que tem provocado uma corrida em busca de garrafas de água mineral e aumentado o número de atendimentos médicos por infecções gástricas.

No entanto, quando questionado quanto aos prazos para solução do problema, Cabral disse não ter como fazer uma estimativa para que a água volte a apresentar as características habituais. A extensão do problema e o número de domicílios afetados também não foram informados.

"Os equipamentos específicos para este tratamento já foram comprados e serão instalados com urgência. Até a semana que vem, as águas do Guandu já estarão livres da geosmina, mas não tenho como precisar quando a água das torneiras já estará livre deste problema. Depende do tamanho do reservatório de cada um", disse.

Cabral explicou que o tratamento será feito com filtros de carvão de alta capacidade vindos de São Paulo. "A verdade é que o pneu furou e não tínhamos o 'macaco' para fazer a troca. Estamos nos preparando para não voltarmos a enfrentar este problema."

Em seu pronunciamento inicial, o presidente negou que o problema esteja relacionado com as 54 demissões feitas na área técnica da Cedae desde março passado. De acordo com ele, os desligamentos foram feitos por causa da política de austeridade posta em prática.

"Eram funcionários que ganhavam até R$ 60 mil, que não cabiam na nossa estrutura, mas que foram substituídos por outros que ganhavam remunerações compatíveis com o mercado", afirmou.

Coloração da água

De acordo com o gerente de controle de qualidade de água da Cedae, Sérgio Marques, a geosmina provoca mudanças no gosto e no cheiro da água, mas não na coloração. Diante desta afirmação, a gerência da empresa foi contestada por jornalistas quanto ao aspecto amarelado da água que tem chegado às casas da população.

Cabral negou que os testes tenham apontado a contaminação por outra substância e fez questão de beber um copo de água da frente da imprensa, dizendo confiar nos testes que não indicam perigo no consumo.

A água bebida por ele, no entanto, fora servida em uma garrafa de vidro, sem que pudesse ser especificado se era água mineral ou da Cedae.

"A geosmina não altera as condições de aparência visual da água. Essa cor, possivelmente, se deve às condições de limpeza das caixas d'água, condições de limpeza. Há casos de animais mortos em caixas d'água, matéria orgânica acumulada ali, por exemplo. Eu consumo água da Cedae, moro em casa. Não temo esse tipo de problema. Esta contaminação não gera problemas de saúde ", disse antes de beber a água.