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Witzel crê que sabotagem gerou crise da água no Rio e pede investigação

Governador do Rio, Wilson Witzel -
Governador do Rio, Wilson Witzel

Do UOL, em São Paulo

20/01/2020 11h16

Resumo da notícia

  • Governador citou leilão da Cedae como alvo da suposta sabotagem
  • Para Witzel, a ação pode ter tido o objetivo de "manchar a gestão eficiente" da Cedae
  • Investigação deve esclarecer se "imperícia" foi dolosa ou por incompetência, diz Witzel

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), disse hoje que considera a hipótese de sabotagem para a crise da água que o estado vive. De acordo com a Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro), empresa pública responsável pelo abastecimento no estado, a água tem chegado aos consumidores com geosmina, uma substância orgânica produzida por cianobactérias que se proliferaram no local de captação.

Eu desconfio que houve uma sabotagem. Exatamente para manchar a gestão eficiente que está sendo feita na Cedae, para o leilão"

Em entrevista hoje de manhã, Witzel afirmou que considera que "houve, de fato, uma imperícia. Agora vamos apurar se foi dolosa ou culposa. Se quem deveria tomar conta para evitar que o que está acontecendo agora, no verão, nas férias, acontecesse foi simplesmente um fato culposo, ou seja, incompetência".

"Eu, particularmente, não acredito [em incompetência]. Eu acredito que o que está sendo apurado é uma sabotagem por conta do leilão. Há muitos interesses envolvidos nesse leilão e eu pedi à polícia que apurasse. A polícia está apurando, o conselho de administração vai fazer uma investigação rigorosa, uma auditoria, para que a gente possa entender como quem já está trabalhando lá há anos pode ser surpreendido por um fato que é previsível", acrescentou.

Witzel anunciou na semana passada detalhes sobre como pretende conceder Cedae à iniciativa privada, ainda neste ano. A forma de concessão proposta pelo BNDES ainda precisa ser aprovada pela Câmara Metropolitana e por prefeituras do interior do estado, com as quais o governador deve se reunir nos próximos dias. Já o BNDES começará em fevereiro uma rodada de visitas a investidores no exterior para atrair potenciais interessados.

Na semana passada, policiais civis fizeram diligências na ETA (Estação de Tratamento de Água) Guandu, que está no centro da crise da água. Cerca de 9 milhões de pessoas na capital e em sete cidades da região metropolitana consomem diariamente água processada pela ETA Guandu, que capta água no rio de mesmo nome.

Verba do saneamento

Dias antes da crise de abastecimento de água no Rio começar, o governador conseguiu aprovar na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) uma emenda constitucional que deve retirar mais de R$ 370 milhões em investimentos nas áreas de saneamento básico e segurança hídrica somente neste ano.

As autoridades afirmam que o composto que tem chegado na água é responsável pelo forte gosto e odor terrosos na água —motivo de reclamação da população, que tem esgotado os estoques de água mineral nos mercados da cidade. Ressaltam, porém, que a geosmina não é tóxica, apesar de muitas pessoas estarem procurando unidades de saúde com problemas gastrointestinais.

Ponto de captação da estação de tratamento do Guandu mostra poluição de rio na Baixada Fluminense - Divulgação/Comitê Guandu - Divulgação/Comitê Guandu
Foto aérea de ponto de captação da estação de tratamento do Guandu mostra poluição de rio na baixada
Imagem: Divulgação/Comitê Guandu