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Dono de bar agride mulher com soco durante discussão em Curitiba, diz PM

Arlindo Vieira foi conduzido pela PM após ser acusado de desferir soco no rosto de uma mulher após discussão em um bar no Paraná - Marcos Paulo Carvalho
Arlindo Vieira foi conduzido pela PM após ser acusado de desferir soco no rosto de uma mulher após discussão em um bar no Paraná Imagem: Marcos Paulo Carvalho

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Ponta Grossa

05/02/2020 19h39

Uma jovem de 25 anos acionou a Polícia Militar (PM) do Paraná após alegar ter sido agredida na noite de ontem pelo proprietário de um tradicional bar do bairro São Francisco, em Curitiba. Ela relatou que foi atingida com um soco no nariz desferido durante uma discussão após ser impedida de entrar no estabelecimento para usar o banheiro. O empresário confirma o golpe, mas alega que ocorreu como um ato de defesa depois de levar um chute.

De acordo com a PM, as viaturas chegaram ao local por volta de 22h40 (de Brasília). Os ânimos já estavam acalmados, mas os militares ainda encontraram a jovem com o nariz sangrando.

A ocorrência foi registrada contra o dono do bar pelo crime de lesão corporal. Ele e a cliente se dirigiram ao cartório da PM em Curitiba e foram liberados após assinarem um termo circunstanciado, que é um tipo de registro de infração penal de crime de menor relevância. As partes aguardam uma data de audiência para resolverem o atrito em juízo.

Em depoimento à PM, a jovem narrou que a confusão começou quando foi impedida por um funcionário de usar o banheiro. Neste momento, o dono do bar tentou intervir e passou a discutir com ela. A cliente se dirigiu para área externa do estabelecimento e quando tentou retornar para dentro do bar, teria sido impedida pelo proprietário, gerando uma segunda discussão e posteriormente a agressão no rosto. O UOL tentou contato com a jovem, mas não obteve retorno até o momento da publicação da reportagem.

Ao UOL, o dono do bar, Arlindo Ventura, de 46 anos, relatou que após a mulher usar o banheiro desocupado pela outra cliente, ainda assim as agressões verbais por parte da jovem continuaram na calçada do estabelecimento. O proprietário argumenta que a agrediu como um ato de defesa quando recebeu um chute na virilha e teve um copo arremessado contra ele.

"Ela chegou super alterada e foi ao banheiro, mas estava ocupado por outra pessoa. Mesmo assim, chutou a porta e ofendeu um funcionário que conversou com ela. Depois de usar o banheiro, foi para a calçada, permaneceu com as agressões verbais e quando quis entrar pela segunda vez, não permitimos, mas ela foi irredutível. Eu tive apenas um ato de defesa. Se pegou nela, foi uma defesa de momento. Ela jogou copo em mim e chutou minha virilha. Não posso ver uma pessoa fazer tudo isso e ficar sem fazer nada", justificou.

Testemunhas viram agressão

A produtora cultural Ana Rivelles estava no bar no momento da confusão. Ela presenciou a agressão do proprietário do bar e relata que a mulher alegava racismo por parte do proprietário por ser negra como motivo para não entrar no estabelecimento.

"Eu não vi a parte que ela começou a gritar que ele era racista e houve uma discussão feia. Ele se negou em deixá-la entrar no bar. Neste momento, essa moça arremessou um copo de cerveja e ele deu um soco nela. Foi um golpe muito forte e em uma mulher, algo absurdo", relata a testemunha.

O dono do bar confirma que a mulher alegou esse motivo no momento da confusão, mas nega discriminação racial como causa para impedi-la de entrar no bar. Consultada, a PM informou que a cliente não mencionou o racismo em depoimento.

O designer Marcos Paulo Carvalho também viu a confusão e corrobora que as agressões iniciaram quando a mulher tentou entrar no bar para usar novamente o banheiro.

"Eu estava de frente, mas foi uma discussão nada a ver porque ela queria entrar no bar e uns caras seguraram alegando que ela não podia usar o banheiro. Então no que foram empurrando ela, essa moça tacou um copo plástico e se debateu lutando. Ele saiu do bar e deu um soco bem forte no meio do rosto dela", lembra.

Testemunhas que estavam no bar no momento da confusão e outros internautas que se revoltaram com a agressão criaram um evento nas redes sociais e marcaram um protesto contra o empresário para hoje à noite em frente ao estabelecimento. O dono do bar, contudo, diz que mesmo assim abrirá normalmente.