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Anaflávia nega ter mandado matar a família; suspeito diz que ideia foi dela

Familia Gonçalves aparece junta em foto de álbum da família: pai, mãe e filho foram assassinados e filha é uma das principais suspeitas - Reprodução
Familia Gonçalves aparece junta em foto de álbum da família: pai, mãe e filho foram assassinados e filha é uma das principais suspeitas Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

09/02/2020 22h21Atualizada em 10/02/2020 14h35

Resumo da notícia

  • Detalhes inéditos dos depoimentos de Anaflávia, sua namorada Carina e de um cúmplice foram revelados pela TV Globo
  • Os três disseram aos policiais que ideia inicial era apenas roubar a família, mas plano mudou e decidiram matar todo mundo

Anaflávia Gonçalves, suspeita de ter participado do assassinato dos pais e do irmão na região metropolitana de São Paulo, no final de janeiro, admitiu ter feito parte do plano para roubar a família. Ela negou, porém, que tenha planejado os assassinatos ou participado dos crimes e alegou que não desconfiava que seus parentes seriam mortos.

Segundo ela, os demais suspeitos decidiram na hora, já com a família rendida, que matariam todos. Anaflávia afirmou que se opôs ao crime, mas que os outros concordaram em cometê-lo. "Falei que não, mas todo mundo chegou ao consenso de que sim", afirmou a suspeita em depoimento à polícia.

A versão é diferente da de um dos suspeitos, que atribui a Anaflávia e sua namorada a decisão de matar a família.

O casal de empresários Romuyuki e Flaviana Gonçalves e o filho, Juan, de 15 anos, foram mortos e seus corpos foram queimados dentro do carro da família na região do ABC paulista.

A filha do casal, Anaflávia, e a namorada dela, Carina Ramos, foram presas dois dias depois, acusadas de participação no crime. As duas moravam juntas, e a relação delas com a família de Anaflávia não era boa.

Segundo a polícia, também participaram do crime Guilherme Ramos da Silva e dois primos de Carina, Jonathan Fagundes Ramos e Juliano Oliveira Ramos Júnior. . Guilherme e Juliano estão presos, e Jonathan está foragido.

Esta semana, um dos cúmplice incriminou Anaflávia e Carina, e elas acabaram confessando participação no assalto, mas continuam negando envolvimento nas mortes.

Anaflávia admite também que ajudou a comprar a gasolina usada para queimar os corpos. "Eu fui ao posto de gasolina com o Jonathan. Ele abasteceu o carro e encheu um galão de gasolina", afirmou.

Trechos dos depoimentos de Anaflávia, Carina e Juliano foram revelados na noite deste domingo (9) pelo programa Fantástico, da TV Globo.

Anaflávia teria chegado em casa com os suspeitos

Durante os cerca de 40 minutos de depoimento, Anaflávia não demonstrou emoção ou arrependimento. De acordo com a reportagem, ela não chorou nenhuma vez.

Carina disse que o grupo sabia que a loja de perfumes do pai de Anaflávia tinha tido um bom faturamento no Natal, então resolveu fazer o assalto. "Era, a princípio, para todo mundo entrar e roubar", afirmou aos policiais.

De acordo com o relato dos suspeitos, Anaflávia ligou para o pai e esperou que ele chegasse para entrarem juntos em casa. Os outros três suspeitos já estavam escondidos no carro em que ela estava.

Juliano disse que, quando o pai, chegou, Anaflávia o recebeu normalmente: "abraçou o pai, deu um beijo no irmão". Pouco depois, Anaflávia saiu de casa com a desculpa de ir buscar Carina. Voltou com a namorada e os comparsas, ainda escondidos no carro.

"Na hora em que eu decidi entrar, o Juliano, o Guilherme e o Jonathan vieram atrás de mim com tudo, aí não teve jeito, entrou todo mundo de uma vez", disse Carina, que fingiu ter sido rendida.

De acordo com Juliano, quando o assalto começou, o pai de Anaflávia estava na cozinha, e o irmão, jogando videogame na sala. Anaflávia teria fingido pânico e tentado abraçar o irmão. Depois, pai e irmão foram amarrados.

Os suspeitos contaram que levaram Romuyuki para o quarto, onde ficava o cofre da casa. Juliano conta que o pai de Anaflávia estava preocupado com o filho e ficou bastante machucado e ensanguentado.

Suspeito diz que morte foi ideia de Anaflávia

Ainda no depoimento, Juliano conta que o Romuyuki não tinha a senha do cofre. Anaflávia então ligou para a mãe para saber se ela estava chegando em casa. Ela e Carina teriam ficado bebendo cerveja durante a ação.

Nesse momento, segundo Juliano, Anaflávia e Carina teriam mandado os comparsas matarem a família, pois queriam ficar com a herança.

Quando a mãe de Anaflávia chegou, teria sido recebida por Carina. "Ela olhou para a Carina e falou: 'o que tá acontecendo?'. A Carina falou: 'Já era. Acabou para você'", contou Juliano aos policiais.

"Pegamos a senha do cofre. Não tinha dinheiro, só tinha dólar, um relógio, corrente. Mas o que ela [Anaflávia] falou para nós [que tinha], não tinha, que era R$ 85 mil", disse o comparsa.

Segundo ele, Carina falou: "Agora a gente vai ter que matar todo mundo, porque ela [a mãe] conversou com a Ana lá embaixo. Passou a senha. Falou: 'Ó, a senha 'nós tem' tudo agora. O que você vai querer? Vai deixar vivo ou vai matar por causa da herança?'. Quando falou que tinha que matar todo mundo mesmo, aí ela [Anaflávia] falou, 'então mata, só que eu não quero ver'."

De acordo com o comparsa, Anaflávia autorizou inclusive a execução do irmão.

Segundo Juliano e Guilherme, Carina matou Romuyuki e Juan por asfixia. Na versão de Carina e Anaflávia, as duas ficaram no andar de baixo da casa e não viram os dois assassinatos.

Após matar pai e filho, o grupo rendeu a mãe e a fez dirigir com o carro da família até o local onde os três corpos foram encontrados incendiados. Juliano acusa Carina pela morte de Flaviana, mas ela nega.

Suspeitos de participação na morte de família no ABC são detidos

TV Folha