Topo

Caso Marielle

Esse conteúdo é antigo

Bolsonaro comemora laudo e volta a atacar a Globo no caso do porteiro

Presidente Jair Bolsonaro - Marcelo Camargo/Agência Brasil
Presidente Jair Bolsonaro Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

11/02/2020 11h21

Resumo da notícia

  • Porteiro que citou presidente não é o mesmo que liberou acesso de suspeito de matar Marielle
  • Conclusão é de laudo da Polícia Civil do Rio
  • "Viu que a perícia descobriu? A voz não é do porteiro!", disse Bolsonaro
  • Presidente voltou a atacar a TV Globo, emissora que revelou o depoimento

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) comemorou hoje o laudo da Polícia Civil do Rio de Janeiro que, segundo reportagem do jornal O Globo, concluiu que a voz do "porteiro do caso Marielle" não é a mesma do funcionário que citou o nome do mandatário em depoimento aos investigadores.

"Viu que a perícia descobriu? A voz não é do porteiro!", disse ele nesta manhã a apoiadores que o aguardavam na portaria do Palácio da Alvorada, residência oficial do chefia do Executivo.

A nova análise feita pelos policiais, segundo narra O Globo, indica que outro porteiro foi responsável por liberar a entrada do ex-PM Élcio de Queiroz no condomínio Vivendas da Barra, na zona oeste do Rio, mesmo local onde Bolsonaro morava com a família à época do assassinato da vereadora Marielle Franco, em 14 de março de 2018.

Esse outro funcionário, de acordo com o jornal, permitiu o acesso depois de ter sido autorizado pelo policial reformado Ronnie Lessa, que também morava no condomínio. Élcio e Ronnie estão presos acusados de terem participado do crime.

O documento é assinado por seis peritos e atesta que o áudio não sofreu edição, informa a reportagem.

Bolsonaro voltou a atacar a TV Globo, emissora que revelou, no ano passado, o depoimento do porteiro que mencionou Bolsonaro e disse ter liberado a entrada de Élcio no Vivendas da Barra com o aval do hoje presidente da República. A versão foi negada pelo político e contestada pelo Ministério Público fluminense.

Posteriormente, o porteiro recuou e afirmou ter se equivocado ao lançar o registro de entrada de Élcio na casa da família Bolsonaro. Naquele dia, no entanto, o então deputado federal não estava no Rio, e sim em Brasília.

"A TV Globo faz uma armação com o pessoal da investigação, divulga o porteiro ligando pra mim, eu estava [no Rio], estava em Brasília, e agora descobriram que a voz não é do porteiro."

Perícia

Quando a gravação foi feita, diz o jornal, havia quatro porteiros de serviço no turno da tarde no condomínio, inclusive o que citou Bolsonaro. As vozes dos quatro foram comparadas com o áudio analisado pela perícia do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli).

Os peritos citam "limitações na quantidade de material examinado", mas afirmam que, a partir de análises acústica e biométrica, o áudio "possui características convergentes com a fala padrão coletada pelo porteiro Z, mais do que qualquer dos outros porteiros analisados".

Trata-se de outro porteiro de plantão e não aquele que mencionou o presidente em depoimento.

Segundo o jornal, o resultado do laudo reforça suspeitas de que o porteiro que citou Bolsonaro pode ter agido a mando de terceiros.

Ouça o podcast Ficha Criminal com as histórias dos criminosos que marcaram época no Brasil.

Este e outros podcasts do UOL estão disponíveis no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e outras plataformas de áudio.

Caso Marielle