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'Não à facção': Com cartazes, MJ quer convencer preso a não integrar bandos

Pichação do PCC dentro de casa incendiada em Jandira, interior de SP - 30.mar.2012 - Robson Ventura/Folhapress
Pichação do PCC dentro de casa incendiada em Jandira, interior de SP Imagem: 30.mar.2012 - Robson Ventura/Folhapress

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

18/02/2020 18h54

Resumo da notícia

  • Campanha irá pintar frases contra facções criminosas em presídios do Brasil
  • Ação do Ministério da Justiça e Segurança Pública começará na semana que vem
  • Além de presídios federais, campanha deve chegar a unidades geridas pelos estados
  • Para especialista, ministério demonstra falta de conhecimento sobre dinâmica do crime

Na semana que vem, em meio ao Carnaval, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, comandado por Sergio Moro, começará a distribuir cartazes e pintar presídios com a frase "Diga não à facção".

A iniciativa, segundo o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), tem o objetivo de "destacar que, pela Lei Anticrime, o preso que mantém vínculo com organização criminosa durante o cumprimento da pena não obtém benefícios como progressão de regime ou livramento condicional".

A medida virou alvo de chacota nas redes sociais e é criticada pelo professor de gestão pública da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Rafael Alcadipani.

Presídios federais e estaduais

De acordo com a pasta de Moro, a campanha ocorrerá não só nos presídios federais, cujo administração é da União, como também em presídios estaduais.

Mas a pasta não informou se houve acordo com todos os estados para a aplicação da campanha, nem quem custearia as pinturas.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, a pasta de Sergio Moro anunciou hoje uma força-tarefa para ajudar a PF (Polícia Federal) em São Paulo no combate ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

"Ideia pueril", diz pesquisador

Para Rafael Alcadipani, professor de Gestão Pública da FGV (Fundação Getúlio Vargas), a campanha é uma ideia que soa "no mínimo, pueril. "Um gasto de dinheiro público desnecessário", afirmou.

"Como o estado não garante o direito dessas pessoas dentro da prisão, ele não tem a opção de pertencer ou não pertencer a uma facção. Eles são coagidos a pertencer a uma facção criminosa", explicou o especialista em segurança pública.

Ainda de acordo com o professor, o ministério "demonstra uma completa falta de conhecimento das dinâmicas do sistema prisional e é bastante preocupante a gente ver uma ideia desse grau pelo Ministério da Justiça".

Piada das redes sociais

Na web, a iniciativa gerou reações de deboche por parte de cidadãos que acusaram a medida de "simplista".

Ou ironizaram o tom infantil da proposta:

Ouça também o podcast Ficha Criminal, com as histórias dos criminosos que marcaram época no Brasil. Este e outros podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts, no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e outras plataformas de áudio.