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MP-PR investiga veterinária com coronavírus que foi a festa com 200 pessoas

Em Foz do Iguaçu, que faz fronteira com o Paraguai, quatro casos do novo coronavírus já foram registrados - PAULO LISBOA/ESTADÃO CONTEÚDO
Em Foz do Iguaçu, que faz fronteira com o Paraguai, quatro casos do novo coronavírus já foram registrados Imagem: PAULO LISBOA/ESTADÃO CONTEÚDO

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Ponta Grossa

23/03/2020 19h22

O Ministério Público (MP) do Paraná abriu inquérito para investigar criminalmente uma médica veterinária diagnosticada com covid-19 que descumpriu a quarentena para ir a uma festa promovida por socialites. O evento aconteceu em Foz do Iguaçu, 636 km de Curitiba, e contou com 200 pessoas, entre brasileiros e paraguaios.

Além de comparecer à festa, a médica veterinária, de 33 anos, continuou atendendo clientes de forma autônoma em uma clínica de Foz e na cidade vizinha, Santa Terezinha de Itaipu. O caso gerou o pedido de prisão domiciliar, protocolado hoje pela 9ª Promotoria de Foz do Iguaçu. A solicitação ainda não teve uma decisão da Justiça até a última atualização desta reportagem.

A mulher, segundo o MP, foi o primeiro caso de covid-19, em Foz do Iguaçu. Ela chegou da Inglaterra em 8 de março e, após apresentar sintomas de infecção pelo novo coronavírus, procurou o sistema de saúde quatro dias depois.

A médica veterinária recebeu orientação para ficar em quarentena para evitar que espalhasse o vírus em caso o teste dê positivo. O exame apontou covid-19 em 18 de março, mas quatro dias antes, ela compareceu a uma festa promovida por brasileiros e paraguaios em um salão de eventos.

De acordo com o promotor Luís Marcelo Mafra, o inquérito foi instaurado quando pessoas da festa procuraram o MP para relatar o caso depois de o exame da veterinária testar positivo para covid-19.

"A festa da alta sociedade de Foz ocorreu no dia 14. Quando saiu o resultado, foi como uma bomba na cidade porque muitos se revoltaram contra ela por ter colocado muita gente a exposição do vírus. Os familiares de uma das aniversariantes da festa são empresários muito importantes no Paraguai e isso gerou uma revolta muito grande de pessoas lá", disse ao UOL o promotor de Justiça.

O descumprimento da quarentena fez a paciente ser enquadrada no artigo 267 do Código Penal, que é o crime de causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos, com pena de reclusão, de cinco a 15 anos.

Conforme o boletim divulgado hoje pelo governo do Paraná, o estado tem 60 casos confirmados, sendo 4 em Foz do Iguaçu. O MP quer saber se os demais infectados na cidade fronteiriça têm alguma relação com a mulher.

"Uma colega de profissão dela deu positivo, mas ainda não conseguimos estabelecer a conexão, apesar de terem contato muito próximo. Ainda estamos apurando", informou o promotor.

A clínica que a médica veterinária atendia em Foz do Iguaçú foi isolada por órgãos sanitários após recomendação do MP. Em nota, o estabelecimento informou que a mulher não faz parte do quadro fixo de colaboradores e que nenhum funcionário apresentou sintomas. "Não é o momento para procurar culpados e sim cada um fazer o seu melhor", finalizou.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi escrito no título da primeira versão do texto, a mulher investigada é veterinária, não médica. O erro foi corrigido.