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Após morte, indígenas apelam que PF, Funai e Exército expulsem garimpeiros

Comunidade ianomâmi - Carlos Garcia Rawlins
Comunidade ianomâmi Imagem: Carlos Garcia Rawlins

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

11/04/2020 12h07

Depois da primeira morte por covid-19 de um adolescente de 15 anos, a Hutukara Associação Yanomami fez um apelo em carta aberta, ontem, para que PF (Polícia Federal), Exército e Funai (Fundação Nacional do Índio) retirem imediatamente os garimpeiros das terras indígenas a fim de evitar novas contaminações dos povos locais.

Na quinta-feira, o adolescente Alvanei Xirixana, que morava na comunidade Helepe, morreu no Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista, após 21 dias de sintomas da doença. Ele estava internado com SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) causado pelo coronavírus.

"Agora sabemos que existe o risco dos Yanomami da comunidade estarem contaminados pela doença, que pode continuar subindo o rio [Uraricoera] junto com os garimpeiros. O vírus pode invadir nossa terra, junto com os invasores que buscam o ouro", afirma.

Para eles, é necessário que ações sejam tomadas na área sanitária. "Nós, Yanomamis, estamos muito preocupados e receosos com a possibilidade da covid-19 se espalhar nas nossas comunidades. A morte do nosso parente é sinal de alerta. Solicitamos aos órgão públicos de saúde redobrar esforços para evitar o contágio dos Yanomami com essa nova doença que nem os não indígenas sabem como curar"', diz a carta.

Segundo o boletim do Ministério da Saúde, seis casos de índios contaminados foram registrados até o momento em áreas rurais, com uma morte. Outros 24 casos suspeitos são investigados. Entidades têm alertado para o risco que corre indígenas caso o coronavírus chegue a povos vulneráveis que vivem em áreas rurais.

"Ocorre que os indígenas acabam obrigados a ir às cidades, quando já não as habitam, em busca da subsistência. Sem máscaras ou produtos de desinfecção, tornam-se potenciais vetores do vírus As lideranças afirmam que necessitam de doações de alimentos não perecíveis, produtos de higiene e limpeza, além de recursos financeiros, já que as famílias estão sem sua fonte de renda", diz comunicado do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), ligado à Igreja Católica, que pede providências ao governo para proteger esses povos.