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É morador, grita mulher para policial que apontava arma para homem no Rio

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

15/06/2020 10h52

Um vídeo feito por moradores da comunidade da Rocinha, na zona sul do Rio, na manhã de ontem, mostra um policial militar apontando a arma para um motociclista que passa na Estrada da Gávea, na região conhecida como Via Ápia.

No fundo, uma mulher grita: "Larga a moto, Gabriel" e na sequência: "É morador, é morador", junto a uma segunda voz masculina. O policial acompanha o motociclista, que levanta os braços enquanto conduz o veículo, e nada fez contra o homem.

O fato ocorreu na mesma manhã em que uma operação policial no local teve tiroteio entre policiais e traficantes, que terminou com um homem morto e três feridos. Entre as vítimas estão: um policial militar, ferido por estilhaços, e um suspeito.

O confronto ocorreu após uma decisão do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), que proíbe a realização de operações policiais em comunidades do Rio, durante o período de pandemia do novo coronavírus, exceto em "hipóteses absolutamente excepcionais".

A decisão foi tomada em 5 de junho e prevê para os casos de exceção cuidados para que a população não seja colocada em risco e para que a prestação de serviços públicos sanitários ou atividades de ajuda humanitária não sejam impedidas.

Procurada, a PM alegou que não houve operação na comunidade. De acordo com a corporação, policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) chegavam na comunidade para assumir o plantão quando foram "atacados a tiros por criminosos fortemente armados que estavam no interior de pelo menos três veículos".

Segundo a corporação, o confronto entre policiais e traficantes ocorreu na região conhecida como Largo dos Boiadeiros - local diferente das imagens gravadas no vídeo.

Durante o confronto, duas viaturas da PM foram atingidas pelos disparos. O policial atingido por estilhaços no braço foi levado para o Hospital Miguel Couto, também na zona sul. Outras três pessoas deram entrada na comunidade baleadas. Uma delas, que não teve o nome divulgado, não resistiu. Segundo a PM, o homem morto tinha passagens pela polícia. As outras duas vítimas foram atingidas no pé e na mão.

No final de maio, entregas de cestas básicas feitas em comunidades foram interrompidas por tiroteios. No dia 20, João Vitor da Rocha, 18, foi morto quando voluntários da Frente Cidade de Deus (Frente CDD) finalizavam a atitude beneficente na localidade conhecida como Pantanal. No dia seguinte, Rodrigo da Silva Conceição, 19, morreu ao ser atingido em tiroteio durante entrega de cestas básicas no Morro da Providência.