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Corregedoria prende sargento suspeito de matar adolescente de 15 anos em SP

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

17/06/2020 18h10Atualizada em 17/06/2020 20h15

A Corregedoria da PM (Polícia Militar) deteve na tarde de hoje o terceiro-sargento Adriano Fernandes de Campos, 41, que é o principal suspeito de ter matado o adolescente negro Guilherme Silva Guedes, 15.

A Justiça determinou a prisão temporária, de 30 dias, também nesta tarde, segundo o delegado Fábio Pinheiro, diretor do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa).

Adriano e outro policial militar foram flagrados em uma câmera de segurança que está sob posse do DHPP. Nas imagens, em determinado momento, é possível observá-lo com uma arma de fogo em mãos.

"Ele vai ficar detido e a gente vai tentar fazer com que ele nos ajude a encontrar o outro participe, o seu co-autor", afirmou o delegado ao UOL. Segundo o policial, o sargento se resguardou, num primeiro momento, ao direito de permanecer calado.

Um outro soldado da PM, identificado como Paulo, também é suspeito de ter participado diretamente da morte do adolescente. "Soubemos informalmente que eles ouviram o soldado Paulo e teriam liberado o mesmo", informou o delegado. DHPP e Corregedoria se reuniam na tarde de hoje.

O delegado disse também que a Polícia Civil analisa outras câmeras de segurança, que aguarda perícias e que o carro do filho do sargento passou pela região no dia do crime. "Temos uma nova imagem, frontal, que pode nos ajudar a encontrar o outro autor do crime", afirmou.

O adolescente desapareceu na madrugada de domingo (14), na Vila Clara, região de Americanópolis, zona sul de São Paulo, e foi encontrado horas depois em Diadema, cidade do Grande ABC, com dois tiros na cabeça e com muitas marcas de agressão espalhadas pelo corpo.

Segundo o delegado, não há dúvida sobre a participação direta do sargento no crime — mas, disse, não é possível afirmar que foi Adriano quem atirou em Guilherme antes da realização da perícia.

Guilherme Silva Guedes, morto após ser sequestrado na Vila Clara - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Guilherme Silva Guedes, morto após ser sequestrado na Vila Clara
Imagem: Arquivo Pessoal

O sargento Adriano, que já foi da Tropa de Choque em 2018, tem holerites datados de São Bernardo desde 2013. Ele é dono da empresa de segurança privada Campos Forte Portaria Ltda. Seu sócio na empresa privada é seu pai, um sargento aposentado.

Guilherme teria sido vítima de vingança. Segundo as investigações, um galpão da região foi roubado no domingo. O vigia que estava no galpão chegou a ligar para o 190, mas desistiu de denunciar após o sargento ter prometido que resolveria por conta própria, ainda de acordo com a investigação.

A investigação aponta que o carro do filho de um dos dois policiais militares circulou pela região onde Guilherme foi pego. A reportagem tentou sem sucesso ouvir Adriano, por meio do Baep. O UOL não localizou a defesa dos policiais.

O secretário-executivo da PM, coronel Alvaro Batista Camilo, afirmou na tarde de ontem que não havia indícios de envolvimento de policiais militares na morte de Guilherme, o que já vinha sendo dito pelos familiares do adolescente. Horas depois, a polícia passou a suspeitar de dois PMs.

O secretário-executivo homenageou o sargento Adriano em 2018, enquanto deputado estadual de São Paulo, segundo a Polícia Civil. A homenagem está publicada até hoje no site do oficial. O secretário afirmou que "na Assembleia é comum se fazer homenagens às unidades policiais e assim foi feito em 16 de abril de 2018, por mim para o Regimento 9 de Julho".

"Naquela ocasião, um grupo de policiais da Unidade foi indicado para receber a homenagem. Tal fato, não muda em absolutamente nada o rigor da apuração das atuais suspeitas que pesam contra o policial. Se confirmadas, ele será responsabilizado nos termos da lei", disse coronel Camilo.