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Delegado que investiga morte de João Pedro participou da ação, diz colega

João Pedro foi assassinado por policiais dentro de casa no Rio de Janeiro Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Maria Luisa de Melo

Colaboração para o UOL, no Rio

18/06/2020 14h15Atualizada em 18/06/2020 16h05

O delegado Allan Duarte, titular da DHNSG (Divisão de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí) que investiga o assassinato de João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos, durante uma operação das polícias civil e federal, no Complexo do Salgueiro (RJ), estava na ação que culminou na morte do menino há um mês.

A informação foi revelada durante depoimento do delegado titular da CORE (Coordenadoria de Recursos Especiais), Sérgio Sahione, na última terça-feira (16) ao Ministério Público - que acompanha as investigações do caso.

Segundo revelou Sérgio, depois que João Pedro foi baleado, os agentes contaram com a ajuda de amigos para retirá-lo da casa. Ao saber que o menino havia sido ferido, Duarte foi até o local.

"O delegado Allan Duarte chegou ao local se utilizando de um dos carros blindados da operação", declarou Sahione ao MP. Ainda segundo ele, o delegado aproveitou a oportunidade de entrar no complexo de favelas para "fazer um reconhecimento do terreno".

Após o depoimento, o Sahione pediu para deixar a coordenação da CORE. Em nota, a Polícia Civil informou que "o delegado pediu para deixar o cargo de coordenador da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) para, segundo o pedido dele, não causar qualquer embaraço à investigação que apura a morte do jovem João Pedro".

Ainda segundo informações da Polícia Civil, os policiais que participaram da ação foram afastados do serviço operacional. Para o lugar de Sahione assumirá o delegado Fabrício Oliveira.

O delegado Allan Duarte foi procurado, mas não respondeu às solicitações até o fechamento da reportagem.

Investigação paralela

Desde que João Pedro foi assassinado, há um mês, defensores públicos já alertavam para a dificuldade de a Polícia Civil conseguir apurar o caso com imparcialidade. Foi da Defensoria Pública do Rio a provocação para que o Ministério Público acompanhasse as investigações. A entidade instaurou uma investigação paralela.

"As irregularidades já constatadas na investigação demonstram a pertinência da posição da Defensoria Pública", diz trecho de nota divulgada hoje pelo órgão, a pedido do UOL.

Ainda segundo a Defensoria, "os defensores públicos do Nudedh (Núcleo de Direitos Humanos) reforçam que, desde o primeiro momento, insistiram que as investigações passassem, de imediato, ao Ministério Público, de modo a garantir apuração absolutamente independente".

A informação de que o delegado que investiga o caso também esteve na ação revoltou familiares do menino João Pedro.

"Como um delegado investiga ele mesmo? A gente só consegue pedir a Deus que a justiça seja feita. Estávamos mais tranquilos com a investigação do Ministério Público, mas vamos aguardar para ver se realmente teremos justiça. Meus tios, pais do João Pedro, continuam arrasados", afirmou o primo da vítima, Daniel Mattos.

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