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Ouvidor: Ato de PM em Carapicuíba é 'chocante' e comparável a George Floyd

Do UOL, em São Paulo

22/06/2020 13h01Atualizada em 22/06/2020 15h43

O ouvidor das polícias de São Paulo, Elizeu Soares Lopes, afirmou hoje que as imagens que mostram um policial militar agredindo um jovem com um mata-leão (golpe de estrangulamento) são "chocantes e estarrecedoras".

"É inadmissível, poderia ser pior, poderia ter sido um caso do George Floyd se repetindo aqui no Brasil, felizmente não aconteceu", disse Lopes em entrevista à CNN Brasil.

A vítima do estrangulamento foi identificada pela GloboNews como Gabriel. Ele afirmou à emissora ter desmaiado três vezes durante a abordagem policial. Os policiais envolvidos na ação foram afastados, informou a SSP (Secretaria de Segurança Pública).

George Floyd, citado por Lopes, foi um segurança negro norte-americano assassinado por um policial branco, que pressionou seu joelho contra o pescoço da vítima por quase nove minutos. A morte de Floyd gerou protestos antirracistas em todo o mundo.

Segundo Lopes, "não são casos isolados" as situações de violência contra jovens negros, como o assassinato do adolescente Guilherme Silva Guedes, na Zona Sul da capital paulista, ou o estrangulamento em Carapicuíba.

"Não podemos conviver com abuso de polícia, de forma nenhuma. Polícia é para proteger as pessoas", afirmou o ouvidor.

Lopes também incentivou a população a filmar situações de abuso policial e denunciar essas atitudes. "É bom que essas imagens apareçam e venham à tona. A ouvidoria está aberta, abrimos todos os procedimentos", finalizou.

'Falha de procedimento'

Mais tarde, também à CNN Brasil, o porta-voz da PM de São Paulo, capitão Osmario Ferreira, evitou afirmar que houve excesso na abordagem. Mas assegurou que uma eventual "falha de procedimento" está sendo analisada.

"A gente analisa se houve falha de procedimento — através da sindicância instaurada, pela imagem, pelos dois vídeos que não têm uma sequência lógica. A gente vai analisar o vídeo, as pessoas no entorno serão ouvidas, os dois jovens serão ouvidos, para que realmente a gente possa verificar o que aconteceu, para que a sociedade possa contar com a Polícia Militar", informou.

Segundo Ferreira, não há orientação para tratamentos diferentes de policiais militares contra brancos e negros, ou em periferias e áreas nobres de grandes cidades.

"A Polícia Militar de São Paulo é uma das instituições mais democráticas que temos. Temos policiais negros, brancos, de todas as etnias. Imaginar que a Polícia tem algum viés etnológico, Estaríamos vendo de maneira distorcida."