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Covid-19: Governo de Alagoas recua e mantém decreto de isolamento social

O governador de Alagoas, Renan Filho (MDB) - Márcio Ferreira/Divulgação
O governador de Alagoas, Renan Filho (MDB) Imagem: Márcio Ferreira/Divulgação

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

23/06/2020 01h02Atualizada em 23/06/2020 08h14

O governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), recuou ao retorno gradativo de atividades no estado que seria anunciado ontem (22) e manteve o decreto de isolamento social até o próximo dia 30, como medida de contenção à disseminação da pandemia do novo coronavírus, causador da covid-19. O decreto tinha validade até as 23h59 de segunda-feira.

O anúncio do recuo da flexibilização foi feito em um pronunciamento do governador nas redes sociais. Na última sexta-feira (19), o governo do estado divulgou que já estava planejando novas regras de flexibilização para iniciar o "distanciamento social controlado".

Empresários protestaram contra o recuo do governo do estado sobre a flexibilização. Nas redes sociais, vários bares e restaurantes publicaram uma nota da Abrasel Alagoas (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) sobre um alerta de colapso do setor, que já contabiliza 30% de demissões.

"Infelizmente muitos dos nossos empresários já anunciaram o fechamento de suas portas e a previsão é que esse número cresça ainda mais, chegando à lamentável estatística de 40% de encerramento das atividades nos próximos meses", diz a nota.

A associação afirma que soma 15 mil estabelecimentos de alimentação fora do lar, sendo que a maioria é formada por empresas familiares que buscam o sustento na atividade. "Entendemos que agora não é mais momento de protelar a abertura da economia, mas sim de unir todas as peças da sociedade e fazer acontecer uma retomada segura desde já. O ponto relevante dos protocolos de reabertura já deveria ser como fazer e não, quando. Não aguentamos mais!", enfatiza a Abrasel.

No novo decreto, o governo libera treinos de times de futebol que vão participar de campeonatos estaduais e nacionais a partir desta terça-feira (23). Os clubes deverão cumprir o protocolo com as especificações determinadas pela Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude. Apesar da liberação dos treinos, não há previsão da retomada das partidas de futebol em Alagoas.

Recuo

O recuo do governo sobre o retorno gradativo das atividades ocorreu junto da divulgação do boletim epidemiológico que mostra o salto de 884 para 903 no número de óbitos causados por covid-19 registrados entre o domingo (21) e ontem em Alagoas. Os dados apontam ainda que o número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus aumentou de 28.657 para 29.395, ou seja 738 pessoas doentes de domingo para segunda. Ainda há 7.130 pessoas em recuperação da doença.

Segundo o governo, o adiamento da flexibilização servirá para "avaliar e consolidar" a possível tendência de queda na demanda por leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para pacientes com covid-19 e na taxa de mortalidade causadas pela doença.

Alagoas possui, até o momento, 1.161 leitos exclusivos para tratar pacientes doentes de covid-19, sendo 891 clínicos, 239 de UTI e 31 de UTI intermediária. O governo afirmou que a meta é chegar a 1.300 leitos exclusivos para pessoas com covid-19. Segundo a Sesau (Secretaria de Estado da Saúde), atualmente, Alagoas tem 80% de ocupação da capacidade de leitos de UTI.

O governador informou ainda que, na próxima sexta-feira (26), será divulgada uma "matriz de risco", que será elaborada para avaliar o possível avanço de fases para "distanciamento controlado". No plano do governo, Alagoas teria cinco fases denominadas de vermelha, laranja, amarela, verde e azul, seguindo a OMS (Organização Mundial de Saúde).

"Esse momento importante poderia acontecer hoje, mas para consolidação dos dados poderá ocorrer a partir do dia 1º de julho. Nas cinco fases utilizaremos três eixos estratégicos: a taxa de ocupação de leitos com respiradores; o segundo é a evolução epidemiológica, com dois indicadores: óbitos por semana somados aos óbitos em investigação e taxa de letalidade de pacientes mortos por covid-19; e o terceiro eixo é a taxa de evolução da covid-19, razão de casos ativos por casos recuperados", explicou Renan Filho.

O governo informou que o adiamento da flexibilização ocorreu depois de diálogo com todos os setores da sociedade, com a Associação dos Municípios de Alagoas e com o prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), que também prorrogou as medidas de isolamento social na capital.

O governador destacou que nos próximos oito dias que abrange o decreto, Alagoas terá quatro dias não úteis — dois feriados (São João e São Pedro) e o sábado e o domingo do fim de semana. "Esse decreto será necessário para consolidar a tendência de queda de casos do coronavirus, sobretudo os casos mais graves que têm demandado internação na rede hospitalar."

O secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres, pediu colaboração das pessoas para que os dados se consolidem na "reta final" e Alagoas consiga avançar para o plano de flexibilização das atividades.

"É importante que a população faça a sua parte. Já são mais de 90 dias desse enfrentamento e o principal protagonista é o cidadão. O novo normal vai ter de ser empreendido em Alagoas e em todo o mundo até que se encontre uma vacina ou um medicamento eficaz", disse o secretário de Saúde.