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Sarí relata 'dias terríveis' desde morte de Miguel: 'Vivo no psiquiatra'

Sarí Côrte Real, primeira-dama de Tamandaré (PE) e indiciada pela morte de Miguel, 5, em entrevista ao "Fantástico", da TV Globo - Reprodução/NE1
Sarí Côrte Real, primeira-dama de Tamandaré (PE) e indiciada pela morte de Miguel, 5, em entrevista ao 'Fantástico', da TV Globo Imagem: Reprodução/NE1

Do UOL, em São Paulo

06/07/2020 22h12Atualizada em 06/07/2020 23h15

A primeira-dama de Tamandaré (PE), Sarí Côrte Real, disse estar vivendo "dias terríveis" desde a morte de Miguel Otávio Santana da Silva, 5, filho de Mirtes, à época sua empregada doméstica. Em entrevista ao "Fantástico", da TV Globo, ela contou que "vive no psiquiatra" e tem tomado remédios para dormir.

"Terríveis [os dias]. Vivo no psiquiatra, preciso de remédio para dormir. As pessoas me julgaram antes mesmo de a Justiça me julgar, não tive nem tempo de me defender. Hoje eu não posso sair na rua, tenho medo de ser linchada. Não posso correr, não posso fazer nada. Eu, hoje, estou numa prisão dentro da minha casa", disse Sarí.

As declarações estão em novos trechos da entrevista exibidos hoje no "NE1", também da TV Globo.

A primeira-dama também revelou ter sofrido "muitas tragédias na vida", como uma tentativa de sequestro e a perda de seu pai. Sarí disse que precisa se manter forte principalmente para sua mãe, que depende dela, e de seus filhos.

"Tenho uma mãe que depende de mim, tenho um irmão que até hoje não aceitou a morte de meu pai. Eu não posso cair porque sou um pilar para eles. Tenho meus filhos, que dependem muito de mim. Sei que tenho que estar firme, sei que tenho que estar aqui. Tenho que criar meus filhos, meus filhos têm que ter a mãe", afirmou.

Questionada sobre a relação que tinha com a família de Mirtes, Sarí respondeu que era "excelente". Ela contou que Mirtes, sua mãe Marta — que também já trabalhou para a família — e Miguel já viajaram com os Côrte Real para a praia e que a doméstica dormia no quarto de hóspedes.

"Sempre os tratei bem, eles sempre fizeram parte [da família]", disse a primeira-dama. "Quando eles ficaram com a gente na praia, eles viviam... Eles conviveram com a gente. Meus filhos passavam a maior parte do tempo na casa da minha sogra, e Miguel ia junto. Era sempre brincando. Se saía para tomar picolé, Miguel ia também", completou.

Ela ainda afirmou que perdoaria Mirtes caso fosse um de seus filhos no lugar de Miguel. "Acho que todo mundo tem o direito do perdão. Apesar de todas as coisas que foram faladas, eu respeito a dor delas [Mirtes e Marta]. Não sinto ódio, não sinto raiva, não sinto nada por elas. Eu continuo tendo o mesmo carinho pelas duas", declarou.

Relembre o caso

Em 2 de junho, Miguel estava sob os cuidados de Sarí, esposa do prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker (PSB), enquanto Mirtes passeava com a cadela da família. O menino, que saiu de casa à procura da mãe, foi deixado sozinho no elevador por Sarí, subiu até o nono andar e acabou caindo de uma altura de 35 metros, de acordo com a perícia.

A primeira-dama de Tamandaré foi autuada em flagrante por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Ela pagou fiança de R$ 20 mil e, desde então, responde ao processo em liberdade.

O inquérito que apura o caso foi encerrado em 1º de julho. A Polícia Civil de Pernambuco indiciou Sarí pelo crime de abandono de incapaz com resultado morte. Em caso de condenação, a lei prevê de quatro a 12 anos de prisão.