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PMs que agrediram jornalistas no RS são indiciados por abuso de autoridade

Caso aconteceu em junho, próximo à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento de Alegrete (RS) - Reprodução/Google Maps
Caso aconteceu em junho, próximo à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento de Alegrete (RS) Imagem: Reprodução/Google Maps

Do UOL, em São Paulo

21/08/2020 20h46Atualizada em 21/08/2020 20h53

A Polícia Civil de Alegrete, no interior do Rio Grande do Sul, indiciou dois policiais militares por agressão e abuso de autoridade pelo caso de espancamento de dois jornalistas, o repórter freelancer Alex Stanrlei e o diretor Paulo de Tarso Pereira, ambos do jornal Em Questão.

O caso aconteceu em junho deste ano. Os jornalistas foram feridos com chutes após serem abordados por integrantes da Brigada Militar. Uma aspirante do Exército também foi indiciada por omissão de socorro, segundo informações da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo).

A investigação agora segue para o Ministério Público de Alegrete, que fica a cerca de 500 quilômetros de Porto Alegre.

"Não podemos recuar nenhum milímetro nesse sentido. É reconfortante saber que podemos confiar em policiais independentes, como os que estão à frente desse inquérito", disse Tarso Pereira à Abraji.

À época do caso, a entidade emitiu uma nota de repúdio.

"Intimidar jornalistas — sobretudo com o uso da força — constitui abuso de poder, fere a liberdade de imprensa e enfraquece a democracia. A Abraji exige uma investigação independente e isenta por parte da Brigada da Polícia Militar do Rio Grande do Sul e a punição exemplar dos agressores."

Entenda o que aconteceu

Alex Stanrlei estava em frente à delegacia de Alegrete, onde seria registrada a ocorrência de um suposto caso de roubo de gado em uma fazenda do Exército em Rosário do Sul, cidade próxima. Lá, porém, Stanrlei foi impedido de fazer fotos, levou chutes e chegou a ser algemado.

À Abraji, Paulo de Tarso Pereira contou que, ao chegar à delegacia e ver o repórter no chão, passou a gravar a abordagem. A partir desse momento, relatou, atos mais graves começaram: um PM o agarrou pelo pescoço, o chutou e o derrubou. Stanrlei foi arrastado e teve a mão pisoteada. Ambos tiveram os celulares confiscados.