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Padre Robson de Oliveira nega lavagem de dinheiro e diz não ter bens

Padre Robson de Oliveira no "Fantástico" - Reprodução/Fantástico
Padre Robson de Oliveira no "Fantástico" Imagem: Reprodução/Fantástico

Do UOL, em São Paulo

23/08/2020 23h09

O padre Robson de Oliveira negou hoje todas as suspeitas de lavagem de dinheiro que pesam sobre ele e sua associação, a Afipe (Associação dos Filhos do Pai Eterno), em Goiás. Ele disse, ainda, que não tem e nunca teve bens em seu nome.

O Ministério Público de Goiás apura suspeitas de desvio de doações dos fiéis e a compra e venda de imóveis como casas, apartamentos e fazendas em diferentes estados.

"Não existe nenhuma má intenção, atividade criminosa [nas negociações investigadas]. São números altos? São. Números altos me condenam? Não. Tudo que a Afipe faz é dentro da regra e da lei", declarou o padre, hoje, em entrevista ao "Fantástico". "Eu não tenho nada no meu nome, um patrimônio, um lote, nunca tive,

A juíza Placidina Pires, do Tribunal de Justiça de Goiás, afirmou, em decisão obtida pelo UOL, que as investigações indicam que o Padre Robson de Oliveira usava laranjas e empresas de fachada para esconder supostos desvios de doações dos fiéis para a construção da Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO).

Além da Afipe, Oliveira preside outras entidades ligadas à associação e é investigado no caso. Ele pediu o afastamento dos cargos e diz que confia na Justiça.

O MPGO (Ministério Público de Goiás) passou três anos investigando as ações do religioso e rastreou mais de 1,2 mil transações suspeitas nos últimos 10 anos.

O padre disse não ter conhecimento sobre essas transações e defendeu que os fatos sejam apurados.

Laranjas para dificultar rastreamento do dinheiro, diz juíza

Segundo a juíza, o uso de laranjas e empresas de fachada seria uma estratégia usada pelos investigados para dificultar o rastreamento do dinheiro desviado. Os procuradores reúnem provas para acusar os investigados de apropriação indébita, lavagem de capitais, organização criminosa, sonegação fiscal e falsidade ideológica.

"De fato, os elementos informativos coletados indicam que as doações feitas por fiéis de todo o país para o custeio das atividades das AFIPES e para o pagamento das obras e projetos de cunho social da mencionada associação, em tese, estão sendo utilizadas para finalidades espúrias, mormente para o pagamento de despesas pessoais dos investigados e para aquisição de imóveis, incluindo várias fazendas e casa de praia, os quais, a princípio, não se destinam ao atendimento dos seus propósitos religiosos", declarou a magistrada.

Em vídeo postado em suas redes sociais, o padre Robson de Oliveira afirmou que todo o dinheiro arrecadado com doações foi utilizado em atividades religiosas e diz estar "sereno e confiante" de que tudo será esclarecido.

"Tudo está desde a primeira doação, e assim continua, na Afipe, e é utilizado para que nós levemos a nossa obra de evangelização aos fiéis ao mundo. Meu coração está sereno e confiante de que tudo será esclarecido o mais breve possível", disse.

Investigados movimentaram R$ 1,7 bilhão, diz MP

Segundo o Ministério Público, as movimentações financeiras analisadas na investigação somam R$ 1,7 bilhão.

Segundo o promotor de Justiça Sebastião Marcos Martins, que coordenou a Operação Vendilhões, nem todo o valor movimentado é referente a atividades consideraras ilícitas. O valor total da fraude sob investigação ainda está sendo apurado, segundo o promotor.

O advogado da Afipe, Klaus Marques, afirmou à revista Época que todos os negócios da associação, como a compra e venda de imóveis, estão contabilizados e foram utilizados como investimentos para serem revertidos às próprias atividades religiosas da entidade.