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MP do Rio denuncia seis pessoas por agressão contra médica no Grajaú

Médica Ticyana Azambuja foi agredida por seis pessoas em maio após se queixar de som alto em casa vizinha - Herculano Barreto Filho
Médica Ticyana Azambuja foi agredida por seis pessoas em maio após se queixar de som alto em casa vizinha Imagem: Herculano Barreto Filho

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

02/10/2020 18h20

O MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) denunciou seis pessoas envolvidas na agressão contra Ticyana Azambuja, no Grajaú, zona norte do Rio de Janeiro. O caso aconteceu em maio deste ano após a médica, que trabalhava na linha de frente no combate ao novo coronavírus, chegar em casa depois de um plantão de 24 horas.

De acordo com as informações repassadas pelo MP, vão responder pelo crime de lesão corporal: Ester Mendes de Araujo, Rafael Martins Presta, Rafael Del Giudice Ferreira, Rodrigo Lima Pereira, Luis Claudio dos Santos e Luiz Eduardo dos Santos Salgueiro.

Este último é o policial militar que teve o carro danificado pela médica. O PM segue afastado de suas funções, e a Corregedoria da Polícia Militar continua com as investigações.

Médica comemora denúncia

A reportagem do UOL conversou com a médica Ticyana Azambuja. Ela celebrou a notícia e diz que a denúncia foi uma resposta para a sociedade.

"Eu fui pega de surpresa, estou muito feliz e começando a ficar aliviada, apesar de eu achar que isso é uma resposta que a sociedade merecia, não só eu. Eu fiquei três meses sem trabalhar, sem saber se iria conseguir mexer minha perna. Foi uma recuperação física muito dolorosa. Eu não me sentia mais segura na minha própria casa, eu não sabia se era seguro meu filho, minha família estarem comigo, se eu ia conseguir voltar a trabalhar, se meu corpo ia voltar a responder", desabafou a médica.

"Eu até entendo que, na pandemia, as coisas ficam mais lentas, mas eu já estou mais aliviada que está tendo esse encaminhamento. Foi um crime bárbaro, contra uma mulher, médica e em meio a uma pandemia. E essa política do 'você sabe com quem está falando?', então é fundamental que tenha uma resposta e estou contente com isso. Minha cabeça ainda não está 100%, ainda tenho medo de que alguém ainda tente retaliar, de que algo aconteça, mas vida que segue", disse.

Relembre o caso

No dia 30 de maio, a médica chegou em casa após assumir um plantão de 24 horas, e teria um outro na mesma noite. Ticyana disse na época que não conseguia descansar por conta do barulho na casa vizinha. Ela disse que as baladas clandestinas com aglomeração de pessoas e som alto até de madrugada, ocorreram por três dias seguidos. Diversas reclamações já haviam sido feitas, mas nada resolveu.

Naquele dia, ela decidiu ir até a casa. Tyciana disse que tocou o interfone, pedindo que a comemoração parasse, mas não foi atendida. Em seguida, ela relatou ter quebrado o retrovisor de um dos veículos e trincado o para-brisa, em um "ato impensado".

Logo em seguida, alguns homens saíram da residência e começaram as agressões. Ela teve as mãos pisoteadas, um dos joelhos fraturados e foi enforcada até perder a consciência com um mata-leão. Depois, um dos homens a colocou no ombro e, mesmo desacordada, outros homens e uma mulher agridem ainda mais a médica com puxões de cabelo. Por fim, jogaram a médica no chão.

Moradores do Grajaú chegaram a realizar uma manifestação em apoio à médica.

O que dizem os denunciados

O UOL em contato com o advogado do policial militar Luiz Eduardo dos Santos Salgueiro. O advogado Roger Doyle informou que "a inocência de Luiz Eduardo dos Santos Salgueiro será provada em juízo". As demais defesas não foram localizadas