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Tutora dá maconha para filhote de pitbull comer e posta vídeo na web

Felipe de Souza

Colaboração para o UOL, em Campinas (SP)

03/10/2020 15h25

Uma mulher de Americana, no interior de São Paulo, vai responder na Justiça pelo crime de maus-tratos após publicar nas redes sociais um vídeo que a mostrava alimentando uma filhote de cachorro da raça pitbull com uma porção de maconha. A cachorra é Maya, que tem pouco mais de dois meses de vida. Ela vivia na casa da tutora, identificada como Ana Beatriz Rocha, no Jardim Terramérica.

O caso aconteceu no dia 19 de setembro, quando a tutora publicou o vídeo no Instagram. Ela só foi localizada na quinta-feira e vai responder em liberdade pelo crime de maus-tratos, além de ter que pagar uma multa em um valor não divulgado.

No vídeo, Ana Beatriz está em um carro com o namorado, ainda não identificado. Ele tem uma porção de maconha na mão. "Aqui ó", diz o rapaz. Na sequência, a tutora incentiva o animal: "Come tudo, 'mano'". O rapaz completa: "Ela come, parece um aspiradorzinho de pó". Minutos depois, outra postagem nos stories mostra a cachorra desanimada.

O deputado estadual Bruno Lima (PSL), que é delegado da Polícia Civil, recebeu a denúncia pelas redes sociais - inclusive com a localização da casa. Na quinta-feira, foi até Americana para confirmar o endereço. Ao chegar na residência, a mulher ainda rebateu o delegado sobre a posse de drogas.

"Agora eu tenho que explicar o motivo?", questionou. "Motivo por dois crimes: maus-tratos contra animais e posse de drogas", explicou o delegado, que contou com apoio de uma equipe da Guarda Armada Municipal de Americana (GAMA).

A jovem foi levada à Central de Polícia Judiciária de Americana. Um boletim de ocorrência foi registrado. Em depoimento ao delegado, ela disse que deu maconha "porque o animal era dela, e ele daria o que quisesse". A mulher vai responder em liberdade pelos dois crimes. Uma multa, em valor não divulgado, será aplicada.

A reportagem tentou contato com a garota, mas ela não respondeu às mensagens. Segundo apurou o UOL, a tutora só vai se pronunciar após a contratação de um advogado.

ONG busca lar para a cachorra

A Organização Não-Governamental (ONG) "Animais Têm Voz", da própria cidade, ficou responsável por Maya. A cachorra não teve sequelas, passa bem, e está em um lar temporário, mas ainda não disponível para adoção.

"Nós não temos a guarda dela ainda, então precisamos esperar isso acontecer para poder encontrar um novo lar", explica Roberta Dias Lima, voluntária da organização. Ela contou que, por se tratar de um cão de raça, a procura pela adoção é maior.

Os riscos de dar maconha para o cão

A médica veterinária Sibila Weidman, que é parceria da ONG, explica que a maconha pode prejudicar várias ações de um cachorro. "A cannabis pode deixar o cão sonolento, depressivo, afetar a coordenação motora, e, em casos extremos, a morte", disse.

Ela acredita que Maya não sofreu sequelas porque a quantidade que ela ingeriu foi pequena. "Se já há riscos, em um filhote isso é potencializado. Se imaginarmos que a cachorra, que tem dois meses, pesa três quilos, é preocupante", completa.

Nova lei prevê prisão e "ficha" quem for para delegacia

Na última terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sancionou projeto de lei que prevê penas mais rígidas para quem maltratar cães e gatos. De autoria do deputado Fred Costa (Patriota-MG), o texto altera a Lei de Crimes Ambientais para estabelecer reclusão, de dois a cinco anos, além de multa e proibição da guarda, quando a conduta for aplicada contra essas duas espécies de animais.

Até então, para casos de violência contra todos os animais - silvestres, domésticos ou domesticados -, a pena era de detenção, de três meses a um ano, e multa. A mudança faz com que o crime deixe de ser considerado de menor potencial ofensivo e possibilita que a autoridade policial chegue mais rápido à ocorrência.

Além disso, quem maltratar cães e gatos passará a ter, também, registro de antecedente criminal. Se houver flagrante, o agressor é levado para a prisão. Anteriormente, as penas poderiam ser convertidas em prestação de serviços comunitários e dificilmente a agressão levava à prisão.