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Promotor teme que André do Rap esteja na Bolívia: 'Eles compram proteção'

André do Rap coordenava o tráfico internacional do PCC, segundo o promotor - Arquivo pessoal
André do Rap coordenava o tráfico internacional do PCC, segundo o promotor Imagem: Arquivo pessoal

Colaboração do UOL

17/10/2020 16h45

Lincoln Gakiya, promotor do Ministério Público que já trabalhou em diversos casos do PCC (Primeiro Comando da Capital), teme que o traficante André do Rap tenha fugido para Bolívia. Ele afirmou que o país não costuma colaborar com as autoridades brasileiras na busca por criminosos.

Lincoln deu entrevista à CNN e foi perguntado sobre o paradeiro de André do Rap, que está foragido desde a semana passada. A principal suspeita é que ele já tenha saído do Brasil, pois a prisão foi decretada novamente.

O promotor admitiu que a polícia tem poucas informações, mas não escondeu que a maior preocupação é com a Bolívia.

"Por enquanto nós não sabemos sequer se o André do Rap saiu do Brasil. Temos só suspeitas. Diligências estão sendo feitas em contato com outros países para ver se a gente localiza. É possível que ele esteja na Bolívia, mas é só suspeita. Temos um problema sério de cooperação com Bolívia. Isso tem feito com que vários criminosos escolham esse país para se esconder", relatou o promotor.

"Na Bolívia, os traficantes conseguem, com poderio financeiro, cooptar e corromper policiais para obter proteção. Mas estamos trabalhando com análises de vínculos, de parentes, com tudo que é possível", afirmou.

Ele também explicou por que a fuga de André do Rap é tão preocupante, detalhando como o criminoso aumentou o poder dentro do PCC.

"Ele era um criminoso comum. Mas em 2010 assumiu no PCC, junto com outros, a função de estruturar o tráfico internacional de cocaína para a Europa, a partir do Porto de Santos. Ele fez isso com muita propriedade, com muito sucesso. Tanto que o tráfico internacional hoje é o 'carro chefe' e principal fonte de arrecadação do PCC. Com a soltura, é perigoso, porque ele detém toda a expertise no contato com países produtores de cocaína e também com a Europa. É muito perigoso. Perde a sociedade, que está em risco, e ganha o crime organizado", concluiu Lincoln.