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Ministério e órgãos do setor elétrico sabiam de riscos no Amapá, diz jornal

Vista do apagão no estado do Amapá - Gabriel Penha/Photopress/Estadão Conteúdo
Vista do apagão no estado do Amapá Imagem: Gabriel Penha/Photopress/Estadão Conteúdo

Colaboração para o UOL

13/11/2020 11h02

Os principais órgãos do setor elétrico do Brasil tinham conhecimento de informações que agravaram o apagão que atinge o Amapá desde o dia 3 de novembro. As informações são do jornal Valor Econômico.

Documentos do Ministério de Minas e Energia, do ONS (Operador Nacional do Sistema) e da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) indicam que a subestação atingida, a SE Macapá, tinha dois problemas principais: ela operava no limite da capacidade há cerca de dois anos e também não tinha condições de ser religada imediatamente.

Em 2004, na concepção do projeto da rede, antes da privatização, o Ministério indicou que a subestação SE Macapá precisava de três transformadores trifásicos e uma unidade reserva.

O projeto foi contratado no leilão da Aneel, em 2008. Mas o edital exigiu apenas um espaço para abrigar 4 transformadores. Só três deveriam ser adquiridos para instalação imediata.

Essa alteração do projeto foi apontada como um problema em junho de 2018, em uma apresentação do ONS. O objetivo era abrir caminho para a instalação do quarto transformador, o que não foi feito. Com a unidade reserva, o religamento da energia elétrica no Amapá seria feito com mais facilidade.

E o Amapá ainda teve outra limitação de backup. Era um suporte que viria da geração suplementar de energia. Mas Aneel autorizou, em 2019 o desligamento de uma usina termelétrica da Eletronorte, UTE Santana, que também atendia o Amapá. A agência considerou que a usina já não era acionada há algum tempo e gerava muitos custos

Outro relatório importante, revelado pelo Valor, foi feito pelo ONS e apontava a indisponibilidade do terceiro transformador na SE Macapá desde o fim do ano passado. O órgão permitiu que a troca do equipamento fosse feita até maio de 2021. Mas o apagão aconteceu no começo do mês e não houve como fazer a recomposição do sistema.

O outro lado

Questionado pelo Valor, o ONS informou que a SE Macapá, projetada com três transformadores, não operava no limite da capacidade, pois entende que a "carga do Amapá é completamente atendida com dois" deles. A entidade negou o risco de colapso com a falta do terceiro transformador e que "estava acompanhando a situação e reportando à Aneel" mensalmente.

O Ministério e Gemini Energy não quiseram comentar o teor dos documentos. A Aneel não respondeu ao jornal.

Como está o apagão

A previsão atual é que o sistema elétrico só volte à normalidade no dia 25 de novembro. Até lá, a população é submetida a sistemas de rodízio para receber eletricidade por algumas horas.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu adiar as eleições para prefeito e vereador apenas em Macapá, capital do estado.

Uma investigação da Polícia Civil concluiu que o apagão não foi causado por um raio, como tinha sido alegado inicialmente. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), prometeu pedir uma investigação da PF (Polícia Federal) para apurar os fatos.