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'Coisa catastrófica', diz médico que atendeu vítimas de acidente em Taguaí

Do UOL, em São Paulo

25/11/2020 11h30Atualizada em 25/11/2020 20h27

O médico-chefe da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da Santa Casa de Taquarituba (SP), Gabriel Ortega, que atende algumas vítimas do grave acidente entre um ônibus e um caminhão na manhã de hoje na Rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho, disse que nunca havia visto algo igual em sua vida.

"Eu fui médico do Hospital das Clínicas de Mogi das Cruzes (SP) e uma das vezes que pegamos um acidente grave foi um com um ônibus na Serra, com uma série de estudantes, múltiplas vítimas. Mas dessa proporção aqui, nunca tinha visto", afirmou em entrevista para a CNN Brasil.

Sem precedentes para a maioria dos que trabalham aqui, médicos com anos e anos de experiência, e uma coisa catastrófica e inédita na vida de muita gente"
Gabriel Ortega, médico-chefe da UTI da Santa Casa de Taquarituba

Ao todo, 41 pessoas morreram e outras 12 ficaram feridas no acidente, que ocorreu no km 172 da rodovia, entre Taguaí (SP) e Taquarituba, na região de Avaré (SP).

Também em entrevista para a CNN Brasil, o tenente Alexandre Guedes, porta-voz da Polícia Militar, disse que o motorista do caminhão morreu no acidente. O motorista do ônibus e uma pessoa que estava no caminhão ao lado do motorista estão hospitalizados em estado grave.

O Corpo de Bombeiros de Piraju disse ao UOL que recebeu o primeiro chamado para atender a ocorrência às 6h45 (horário de Brasília) da manhã.

mapa - Arte/UOL - Arte/UOL
Mapa mostra localização onde ônibus e caminhão bateram, com mais de 40 mortes
Imagem: Arte/UOL

Situação das vítimas

Segundo Ortega, os feridos estão sendo encaminhados para uma UTI inicialmente destinada para suprir a demanda de pacientes com quadros graves decorrentes do novo coronavírus.

"Recebemos bastante ajuda, de repente apareceu ajuda, outros colegas que estavam atendendo em consultório vieram nos ajudar", disse o médico.

Ainda segundo o médico, há uma dificuldade em identificar os passageiros que chegaram ao hospital. "Todos os pacientes que chegaram para nós não foram possíveis de ser identificados, pois estavam sem documentos, sem um telefone, sem qualquer informação que pudesse ajudar na identificação", concluiu.

Também para a CNN Brasil, a coordenadora de Saúde de Taquarituba, Natali Fonseca, disse que a rede de atendimento médico da cidade recebeu oito pacientes.

"Os pacientes vão precisar passar por exames e cirurgias de alta complexidade, muitas fraturas expostas. A gente não tem toda essa equipe de cirurgia, não temos banco de sangue, temos que encaminhar depois de estabilizar", concluiu.

Dois pacientes com traumatismo encefálico grave foram transferidos para um hospital em Avaré, referência no atendimento neurológico.

Ônibus com funcionários

De acordo com a Polícia Militar, o ônibus envolvido no acidente levava funcionários de uma empresa têxtil, a Stattus Jeans, para o trabalho.

O advogado da fábrica, Emerson Fernandes, afirmou ao UOL que o ônibus era uma espécie de "lotação" contratada pelos próprios funcionários, sem ligação direta com a empresa. Todos os ocupantes eram da cidade de Itaí (SP), segundo o advogado.

A Polícia Militar trata o acidente como o maior do ano, de acordo com o tenente Alexandre Guedes. "É a maior ocorrência de acidente com vítimas nas rodovias neste ano. Não há mais sobreviventes no local. Todos os sobreviventes foram socorridos", disse à GloboNews.

O governador de SP, João Doria (PSDB), prestou solidariedade aos familiares e amigos das vítimas do acidente. "Muito triste", lamentou em um tuíte.

Já a Prefeitura de Taguaí decretou luto oficial de três dias nas repartições públicas do município em razão do acidente e lamentou as mortes na página oficial do Facebook.

"Externamos nossos sinceros sentimentos às famílias, amigos, à empresa e colegas de trabalho destes que se foram. Dia triste", escreveu.