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'Era um anjo', diz mãe de menina eletrocutada por enfeite de Natal

Júlia, de 8 anos, morreu após levar um choque em um enfeite natalino; imagem mostra garota pouco antes do incidente - Arquivo Pessoal
Júlia, de 8 anos, morreu após levar um choque em um enfeite natalino; imagem mostra garota pouco antes do incidente Imagem: Arquivo Pessoal

Felipe Munhoz

Colaboração para o UOL, em Lençóis (BA)

30/11/2020 10h04

A mãe da menina de 8 anos que morreu após sofrer uma descarga elétrica ao encostar em uma estrutura metálica da decoração natalina de uma praça, em Caldas Novas (GO), afirmou hoje, ao UOL, que vai lutar por justiça para que nenhuma outra família passe pelo que ela está vivendo. Emocionada, ela afirmou que a filha "era um anjo".

Rejainy Honória Almeida e o marido Roberto Franco são empresários no ramo de laticínios, donos da Dalac, e na sexta-feira (27) decidiram passear em família na praça Mestre Orlando, na região central da cidade, onde aconteceu a fatalidade com Júlia Honória Franco, 8 anos.

"Minha filha ama tirar fotos e me pediu que tirasse uma dela próximo à árvore de natal que está sendo montada, tirei... Que foto linda. Sentamos próximo ao lugar onde será montado um túnel de luzes e ali minhas três crianças brincavam alegres, porque depois de dez meses [por conta da covid-19] levei elas no centro. E, em uma destas brincadeiras, bem ao nosso lado, ela segurou no ferro que sustenta a base do túnel e ali as duas mãos dela ficaram pregadas", lembrou Rejainy.

A empresária contou que ligou para o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e que a ambulância não demorou a chegar. "Mas no trajeto da praça ao Hospital Nossa Senhora Aparecida ela teve uma parada cardíaca e tentaram reanimá-la. Chegando no hospital, já foi atendida rapidamente, onde toda uma equipe tentou salvar minha pequena Júlia, mas sem sucesso", lamentou.

júlia - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Júlia, de 8 anos, morreu após levar um choque em um enfeite natalino
Imagem: Arquivo Pessoal

Rejainy disse que Júlia era uma menina muito especial. "Era alegre, gostava de brincar, tirar foto, muito obediente, não fazia nada sem pedir, estudiosa. Eamava ir na igreja e aprender a palavra de Deus, era uma filha exemplar", descreveu.

Depois da tragédia, a família tenta se recompor, mas não está sendo fácil. "Fica um sentimento de tristeza, pois era um anjo, é uma dor muito forte. Mas Deus me deu um anjo para eu cuidar por 8 anos e agora ele recolheu a Julinha, então peço a Deus que me dê força para continuar", desabafou Rejainy.

Investigação e pedido de justiça

O delegado da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Rodrigo Pereira, afirmou no sábado (28) que a polícia tem "o objetivo de apurar as circunstâncias da morte e de individualizar as respectivas responsabilidades".

No mesmo dia, a prefeitura da cidade, responsável pelo enfeite, emitiu uma nota de pesar e disse que "são profissionais capacitados que realizam esse trabalho há 10 anos".

menina - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Júlia (esquerda), a mãe, Reijany, e a irmã, Milena
Imagem: Arquivo Pessoal

A mãe da menina disse que independente de quem seja o responsável, o fato é que havia energia elétrica em um local no qual não era para ter. "Não sei se é a prefeitura ou uma empresa terceirizada que faz a decoração de Natal, o que eu sei é que não está pronta a decoração e que no ferro que minha filha colocou a mão tinha energia", salientou.

Rejainy afirmou ainda que vai lutar para que os responsáveis sejam punidos, para evitar que a mesma tragédia aconteça com outras pessoas. "Quero justiça. Não vai trazer a Júlia de volta, mas quero alertar para que outras famílias não sintam a dor que estou sentindo. Eu só quero que as autoridades verifiquem sobre isso, porque hoje é minha família e eu não quero que outras famílias passem por isso em Caldas Novas, uma cidade turística onde milhares de pessoas vêm para passear", destacou.

Manifestação e homenagens

Parentes, amigos e moradores de Caldas Novas estarão presentes hoje às 17h no local do acidente em uma manifestação marcada pelas redes sociais. Eles pedem justiça pela morte de Júlia Franco.

Na praça Mestre Orlando, também foram colados cartazes com mensagens, fotos e também foram deixadas flores em homenagem à vítima. Em alguns cartazes, afirmam que "não foi acidente", mensagem que também é compartilhada nas redes sociais.