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Ônibus de acidente em MG não tinha autorização para transportar passageiros

Douglas Porto e Rafael Bragança

Do UOL, em São Paulo

04/12/2020 18h20Atualizada em 07/12/2020 16h25

O ônibus que caiu de um viaduto na tarde de hoje na BR-381 não estava habilitado para realizar o transporte de passageiros segundo a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).

O veículo despencou de uma altura de aproximadamente 35 metros, segundo a medição feita pelos peritos, num viaduto conhecido como "Ponte Torta" que fica próximo à cidade de João Monlevade (MG). Segundo informações do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, o acidente deixou ao menos 19 mortos e 29 feridos.

A ANTT informou que a empresa do ônibus, a JS Turismo, tinha uma autorização para prestação de serviço feita pela Justiça, por meio de liminar, mas o veículo em questão não estava habilitado para transportar passageiros.

Mapa mostra local onde ônibus caiu de viaduto no interior de Minas - Reprodução/Google Arte/UOL - Reprodução/Google Arte/UOL
Mapa mostra local de onde ônibus caiu de viaduto no interior de Minas
Imagem: Reprodução/Google Arte/UOL

Além da inscrição da JS Turismo, o ônibus que sofreu o acidente também tinha o nome da Localima Turismo escrito do lado de fora do veículo. A JS Turismo, que funciona por liminar, tem sede em Goiânia segundo a ANTT.

A sede da Localima fica no mesmo município da placa do veículo, no sertão alagoano. A reportagem do UOL tentou contato com a empresa de turismo por meio de dois números de telefone disponibilizados em seu site: um em Alagoas e outro em São Paulo. O primeiro consta como inexistente e não houve resposta no segundo número.

A empresa divulgou um comunicado no Facebook:

A empresa Localima vem, através da presente Nota, expressar nosso pesar e nossa profunda tristeza pelas vítimas e seus familiares acerca do acidente ocorrido no dia 04/12/2020.

Informamos, ainda, que a Localima possui contrato de arrendamento junto à empresa J.S. TURISMO, a qual transporta seus passageiros dentro das regras dos órgãos fiscalizadores - ANTT e Polícia Rodoviária Federal.

Não nos furtaremos da nossa responsabilidade, e somaremos todas as nossas forças e empenho para prestar total assistência às vítimas e aos seus familiares.

Nada, absolutamente nada, trará de volta a vida das vítimas. Foi uma fatalidade que gostaríamos de ter evitado.

Todos os fatos estão sendo apurados, e a nossa empresa possui interesse direto na devida elucidação, sendo certo que as reparações serão realizadas, caso a caso, para que a dor das vítimas e dos seus familiares sejam amenizadas.

Lamentamos o ocorrido, e nos sentimos profundamente abalados por este grave acidente. Não obstante, nossa equipe esclarece que se coloca à inteira disposição, dando suporte humano, digno, com compaixão e empatia, para amenizar a dor daqueles que sofrem, sejam vítimas ou seus familiares.

Com profundo pesar, Localima

De Alagoas para São Paulo

O ônibus saiu do povoado Santa Cruz do Deserto, em Mata Grande, no estado de Alagoas, ontem, às 9h com destino a São Paulo. O porta-voz dos Bombeiros de MG, tenente Pedro Aihara, declarou que a corporação recebeu um chamado sobre o acidente por volta das 14h.

Quando passava pelo viaduto na BR-381, sobre a Estrada de Ferro Vitória a Minas e o rio Piracicaba, entre João Monlevade e Nova Era, no sentido Belo Horizonte, o motorista perdeu o controle do ônibus e colidiu com o retrovisor de um caminhão que estava no local.

Em seguida, testemunhas relataram que o motorista gritou que teria perdido os freios. O ônibus começou a voltar de marcha ré, bateu em uma proteção lateral da ponte e caiu de uma altura de 35 metros, segundo peritos da Polícia Civil. O condutor e outras seis pessoas saltaram antes da queda do ônibus.

Aihara disse que não tem informações sobre a lista de passageiros e que não há mais possibilidade de encontrar vítimas com vida no local. Foram 12 passageiros que morreram no local e quatro outras vítimas vieram a óbito a caminho do Hospital Margarida, em João Monlevade, para onde todos os outros feridos foram encaminhados.

A Polícia Civil de MG afirmou que a causa do acidente será investigada e que os corpos serão levados para o IML (Instituto Médico Legal) André Roquete, em BH. O laudo deve ficar pronto em 30 dias, mas o prazo pode ser prorrogado.