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MG: Peritos da Polícia Civil demonstram como foi queda de ônibus na BR-381

Do UOL, em São Paulo

05/12/2020 19h12

A Polícia Civil de Minas Gerais explicou, durante entrevista coletiva na tarde de hoje, como ocorreu a queda do ônibus em acidente na BR-381, na altura de João Monlevade (MG), que deixou 18 mortos e 23 feridos. A perícia calcula que o veículo teve duas colisões: uma na parte traseira, a 26 metros do viaduto de onde despencou, e outra frontal, a 34,5 metros.

A perita criminal Daniella Rodrigues Caldas Leite disse que o ônibus transitava em uma subida de 4 graus de inclinação quando engatou a marcha ré, perdeu o controle e saiu à esquerda da ponte. A delegada utilizou o próprio smartphone para fazer uma demonstração aos profissionais de imprensa que se encontravam na sede da Polícia Civil nesta tarde.

De acordo com a explicação, o veículo caiu lateralmente do viaduto, conhecido como Ponte Torta, e bateu com a traseira no terreno, a 26 metros de altura. Com o impacto da colisão, o ônibus girou em torno do próprio comprimento e bateu com a frente em outra parte da área, localizada 34,5 metros abaixo do viaduto.

É irregular o terreno abaixo da ponte, então a primeira colisão ocorreu a 26 metros [do viaduto] na parte traseira. Depois deu um giro longitudinal e desta vez teve colisão frontal a 34,5 metros da ponte, posição em que ficou até ser retirado
Daniella Rodrigues Caldas Leite, perita criminal da Polícia Civil

A perícia aguarda resultado de análises para saber se houve alguma falha no veículo que tenha ocasionado o acidente. Uma sobrevivente do acidente afirmou que o motorista perdeu a frenagem, não fez nenhum alerta aos passageiros e largou a direção para pular do ônibus. Ainda não há informações sobre a velocidade em que o ônibus trafegava na rodovia.

Mapa mostra local onde ônibus caiu de viaduto no interior de Minas - Reprodução/Google Arte/UOL - Reprodução/Google Arte/UOL
Mapa mostra local de onde ônibus caiu de viaduto no interior de Minas
Imagem: Reprodução/Google Arte/UOL

O acidente

O veículo, que transportava 46 passageiros no momento da tragédia, saiu de Mata Grande (AL) e ia para São Paulo. A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) informou que a empresa JS Turismo é a dona do ônibus e não tinha autorização para transportar passageiros.

Na manhã de hoje, a polícia divulgou a identidade de 13 das 18 vítimas. A lista, segundo a polícia, foi obtida por meio de levantamentos feitos pelos investigadores. Tavares declarou que não houve contato com a JS Turismo e que tudo o que se soube da empresa foi por meio da imprensa.

'Rodovia da morte'

A BR 381 é conhecida como "rodovia da morte" pela quantidade de acidentes e mortes que ocorrem na área.

"É uma das rodovias que apresentam maiores números de óbitos em toda análise do contexto brasileiro, até por ser muito utilizada por todos os estados. Essa rodovia apresenta trechos com pista simples e com pontes e curvas perigosas. Todo trajeto da pista tem postura perigosa dos motoristas e acaba gerando muitos acidentes", disse o porta-voz dos Bombeiros, em entrevista à CNN.

Já o chefe da comunicação da PRF-MG, Aristides Júnior, disse que apesar da fama da rodovia, o local onde houve a queda do ônibus não fica em uma área com histórico de acidentes: "Não se trata de ocorrência que ocorre com grande frequência no local", afirmou à Globonews.

Procurado pelo UOL, o Ministério da Infraestrutura disse ter entregado, desde 2019, 49,7 quilômetros de pistas duplicadas na BR-381, além de obras, como pontes, viadutos, túneis e passarelas para travessia de pedestres. No entanto, a pasta não se pronunciou sobre uma data concreta para realização de obras no trecho em que ocorreu o acidente.

"O DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) é responsável por 4 de um total de 11 lotes das obras de duplicação e melhoramentos na BR-381/MG, ao longo 303 quilômetros entre os municípios de Belo Horizonte (MG) e Governador Valadares (MG)", afirmou a pasta em nota.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), declarou em rede social estar "estarrecido" com o ocorrido e afirmou que todo o aparato do governo de Minas foi colocado à disposição das vítimas. Em entrevista à Globonews, ele chamou a BR-381 de "estrada da morte" e disse que ela deveria ter sido duplicada há pelo menos 30 anos.