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Médico é flagrado em motel enquanto deveria estar trabalhando em hospital

Flagrante é parte de operação contra médicos do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, em Joinville (SC) - Governo de SC/Divulgação
Flagrante é parte de operação contra médicos do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, em Joinville (SC) Imagem: Governo de SC/Divulgação

Giorgio Guedin

Colaboração para o UOL, em Blumenau (SC)

17/12/2020 19h16

Um médico foi descoberto em um motel no horário em que deveria estar trabalhando. Já outros dois bateram ponto e foram flagrados em casa dormindo. Estes foram alguns exemplos do que a Polícia Civil apurou nos últimos meses a partir de uma denúncia da direção do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, em Joinville (SC), a 180 km de Florianópolis.

Estes flagras desencadearam nesta semana a Operação Ponto Fraudado, realizada em parceria com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). Conforme o inquérito, 11 médicos que atuam na unidade hospitalar investigada são suspeitos de bater ponto e saírem do hospital sem cumprir a jornada integral de trabalho, voltando apenas no fim do expediente para marcar a saída. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados.

As investigações iniciaram no mês de setembro. "São provas bem consistentes, materializamos através de imagens e vídeos e demais meios de investigação que efetivamente estes médicos estavam burlando o controle de ponto do hospital", afirmou o delegado Rafaello Ross ao UOL.

Um dos suspeitos foi flagrado em um motel durante a tarde, enquanto deveria estar no hospital. "Ele chegou regularmente, anotou o ponto, ficou alguns instantes no hospital e saiu. Era uma conduta que ele já vinha fazendo. O pessoal de campo foi monitorando e, para a surpresa deles, ele acabou entrando em um motel", informou a autoridade policial. O suspeito, mais tarde, realizou ainda outras atividades particulares.

Dois detidos em flagrante

Durante a operação que foi desencadeada na terça-feira (15), dois médicos foram presos em flagrante, pois estavam dormindo em casa, enquanto o ponto — aberto — continuava marcando as horas trabalhadas.

"Possivelmente eles só iam fechar o ponto no dia seguinte, para computar 24 horas", disse Rafaello. Eles foram liberados no mesmo dia, após pagarem uma fiança de R$ 31 mil, além de outras restrições impostas pelo Judiciário.

Contracheque de até R$ 20 mil

Todos os 11 suspeitos são servidores concursados e recebem entre R$ 9 mil e R$ 20 mil mensais por uma jornada de 80 horas/mês. Conforme o delegado, eles não tinham escalas formalizadas e vinham fazendo a carga horária por critério próprio. Em alguns casos, eles acabaram recebendo adicional noturno e hora extra.

Os 11 médicos suspeitos vão responder pelo crime de falsidade ideológica. Além disso, poderão também ser responsabilizados civilmente, com o ressarcimento do erário e administrativamente, com a perda do cargo público.

Os investigados devem ser ouvidos nos próximos dias, ainda de acordo com a Polícia Civil.

Hospital possui 200 médicos

O Hospital Regional Hans Dieter Schmidt possui 200 médicos. Inicialmente, 15 profissionais foram investigados e foram constatadas as irregularidades com 11 deles. "Eles acabavam sobrecarregando os colegas que tinham que atender os pacientes eles deixavam de atender, gerando um desconforto, pois eles estão lá com todo esse problema da covid-19", comentou Ross.

Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde de Santa Catarina, responsável pela unidade hospitalar, afirmou que está colaborando com as investigações.

Leia a íntegra:

"O Hospital Regional Hans Dieter Schmidt informa que na manhã dessa terça-feira (15) foi deflagrada uma operação para verificar irregularidades com relação ao registro de ponto de alguns profissionais médicos na instituição."

"O Hospital Regional com apoio da Secretaria de Estado da Saúde procurou os órgãos competentes para investigação após receber denúncias de que alguns servidores registravam entrada e saída no hospital, porém, não permaneciam trabalhando na instituição. A ação organizada pelo Gaeco resultou no encaminhamento de profissionais para oitivas."

"Tanto a Secretaria de Estado da Saúde quanto o HRHDS estavam cientes da operação e colaboraram durante toda a investigação, disponibilizando acesso ao ponto eletrônico de servidores e imagens das câmeras de segurança da instituição."