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Corpo de homem que morreu afogado durante passeio é encontrado em SP

O corpo de Jonathan da Cruz Salgado foi encontrado em uma praia de Ilha Comprida, no litoral de São Paulo - Arquivo Pessoal/Júlio Cesar Ferreira
O corpo de Jonathan da Cruz Salgado foi encontrado em uma praia de Ilha Comprida, no litoral de São Paulo Imagem: Arquivo Pessoal/Júlio Cesar Ferreira

Maurício Businari

Colaboração para o UOL, de Santos (SP)

28/12/2020 18h21

Pastor Joca. Assim era conhecido Jonathan da Cruz Salgado, o homem cujo corpo foi encontrado em uma praia de Ilha Comprida, no litoral de São Paulo, na noite de ontem. Ele e a esposa, Gisele, residentes em Guarulhos, estavam passando alguns dias em Cananeia visitando amigos quando receberam o convite para um passeio de catamarã na manhã de anteontem. Numa parada em um conhecido banco de areia chamado de "Coroa", o casal teria ignorado os avisos da tripulação do barco e se afastado do grupo na direção de águas mais profundas, quando o pastor teria passado mal e se afogado.

Testemunhas contam que Gisele tentou salvar o marido que, já sem sentidos, afundava sem qualquer reação. Ao se debater e gritar por socorro, ela foi salva por amigos e turistas que participavam do passeio. Jonathan, no entanto, não teve a mesma sorte. Apesar das buscas que se estenderam pelo final de semana, com a expectativa de localizar o pastor ainda com vida, ele foi encontrado por volta de 19h, na Praia da Trincheira, em Ilha Comprida. Banhistas que passavam pelo local avistaram o corpo, próximo da faixa de areia, e acionaram a Polícia Militar, que isolou a praia até a chegada dos bombeiros.

Corpo de homem é localizado em praia de Ilha Comprida, no litoral de São Paulo - Arquivo Pessoal/Júlio Cesar Ferreira - Arquivo Pessoal/Júlio Cesar Ferreira
Corpo de homem foi localizado em praia de Ilha Comprida, no litoral de São Paulo
Imagem: Arquivo Pessoal/Júlio Cesar Ferreira

O motoboy Jefferson Fidelis Monteiro, 33, morador de Cananeia e amigo próximo da família de Jonathan, contou hoje que Gisele passa bem, apesar da dor de ter perdido o companheiro. "O que aconteceu foi uma fatalidade. Deus achou por bem levar o Jonathan. Ele era um rapaz trabalhador, ajudava a família desde pequeno. Casado com a Gisele, eles têm duas meninas lindas. Recentemente, estava tocando uma empresa de mecânica de caminhões".

Jefferson, que conversou com o UOL enquanto desenrolava os papéis do funeral do amigo, afirma que ainda não há um laudo que confirme as causas da morte do pastor. A princípio, a família trabalha com a hipótese de afogamento, mas testemunhas dizem que ele teria sofrido um mal súbito antes de desaparecer nas águas do mar — e que a esposa, Gisele, é quem teria tentado salvar o marido do afogamento.

"Tinha um casal próximo, que tentou ajudar a Gisele, mas foram necessárias três pessoas, mais o barqueiro e a tripulação para conseguirmos tirar ela da água. Graças à ajuda do pessoal do catamarã, que nos deu todo o suporte, conseguimos retirá-la da água. Mas o Jonathan desapareceu no mar. Eram cerca de 11 da manhã. Passamos a tarde e a noite toda de sábado, de barco, procurando por ele. Entramos madrugada adentro e continuamos no domingo, quando recebemos uma ligação, avisando que ele tinha sido encontrado boiando, numa praia afastada", contou o motoboy.

A versão de Jefferson, de que foi Gisele quem tentou salvar o marido — e não o contrário — foi confirmada pela técnica em radiologia Jéssica Cardoso, 34, moradora de Santo André. Ela conta que caminhava sobre o banco de areia, na parada do barco, quando viu Gisele agitando os braços e pedindo socorro.

"Foi tudo muito rápido. Só notamos que havia algo errado quando outro banhista que estava na areia sinalizou que estava acontecendo um afogamento. Nós não avistamos mais o rapaz (Jonathan). Só vimos a esposa, que já parecia estar muito cansada, com a cabeça apenas fora da água. Corremos em direção dela para ajudar a tirá-la, e ela ficava dizendo que o marido ainda estava na água. Ela estava muito nervosa e disse que parecia que ele tinha passado mal dentro do mar", contou Jéssica.

Casal não respeitou os avisos da tripulação

O locutor Júlio Cesar Ferreira, morador de Cananeia, também participava do passeio e conta que, o tempo todo, a tripulação avisava nos altos falantes da embarcação sobre os cuidados que os turistas precisavam seguir durante o passeio — tanto a bordo quanto nas paradas. Por várias vezes, o grupo foi informado de que, ao pararem na área conhecida como "Coroa", todos deveriam pertencer juntos, sem afastar-se muito. Gisele e Jonathan, no entanto, acabaram se distanciando dos demais.

"O acidente não aconteceu durante o passeio de barco. Nós ancoramos em frente ao banco de areia e descemos da embarcação para curtir a paisagem e a natureza do local. O casal acabou se descuidando e se afastou demais de onde estávamos. Quando eu ouvi os gritos da moça tentamos salvá-la, mas ela estava muito nervosa, agitada, e quase nos puxou para o fundo também", lembra Ferreira.

Em vídeo gravado pelo jornalista Natan Arcanjo, do jornal Notícias de Cananéia, que também participava do passeio, é possível avistar o casal ao fundo, bem afastado de onde o resto do grupo permaneceu. "Eles foram se afastando, provavelmente a mais de 500 metros de onde estávamos".

Em nota encaminhada ao UOL, a empresa que explora o passeio de catamarã, a Cananeia Turismo, lamentou o episódio e ratificou que o pastor teria sofrido um mal súbito, durante a parada na área conhecida como "coroa", quando os passageiros descem do barco e podem caminhar. Diz a nota na íntegra: "Gostariamos de informar que não houve nenhum acidente envolvendo nossas embarcações. Infelizmente um de nossos passageiros teve um mal súbito e se afogou. Nós, da agência, prestamos todo apoio e suporte à família e auxiliamos os bombeiros no resgate. Aos amigos e familiares, o nosso mais sincero sentimento".

A secretaria de Turismo da prefeitura de Cananeia foi procurada para falar sobre o caso, mas não retornou as mensagens.