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Jornal: Ex-marido jogou tênis de praia horas antes de matar juíza no Rio

Do UOL, em São Paulo

04/01/2021 08h17

Horas antes de assassinar a facadas a ex-esposa, a juíza Viviane Vieira do Amaral, o engenheiro Paulo José Arronenzi jogou tênis de praia em Ipanema, na zona sul do Rio. Segundo o jornal Extra, a informação foi dada em depoimentos prestados à polícia por amigos que estiveram com ele no dia 24 de dezembro, no período da manhã.

De acordo com as testemunhas, Arronenzi jogou uma partida com outros três amigos, estava "bastante tranquilo e calmo" e se despediu desejando "Feliz Natal" a todos. Horas depois, ele matou Viviane com 16 facadas, de acordo com laudo do IML (Instituto Médico Legal). O crime foi cometido na frente das três filhas pequenas do casal e ele foi preso em flagrante.

Nos depoimentos, o engenheiro é descrito como uma pessoa "tranquila" e "sociável". Segundo a reportagem, dois dos amigos relataram às autoridades que nunca notaram "nenhum comportamento violento ou agressivo" por parte dele.

Um deles lembrou que Arronenzi era chamado pelo apelido de "Risadinha", devido ao fato de "ser uma pessoa risonha e de bem com todos".

Segundo ele, durante uma conversa na manhã do crime, o engenheiro chegou a dizer "que não sabia onde comeria rabanada naquela noite". O delegado-adjunto da Delegacia de Homicídios Pedro Casaes, que investiga o assassinato da magistrada, disse acreditar que o crime foi premeditado.

Imagem de 'dono de casa'

O amigo também contou à polícia que o engenheiro — desempregado há seis anos — "demonstrava estar sempre disponível, aparentando viver uma vida de aposentado, que viveria de renda".

Para uma amiga, Arronenzi passava uma imagem de "dono de casa", por ter tempo livre para "fazer as coisas e ficar com as crianças".

A mulher que, segundo a reportagem, era a mais próxima do engenheiro de todos os colegas de esporte, afirmou que ele "passou a ter um comportamento diferente, demonstrando estar deprimido, sempre triste e lamentando o relacionamento" após o casal se separar.

De acordo com ela, Arronenzi dizia que "a separação se deu de forma amigável e que tudo ocorria bem". Ela afirmou que não sabia das agressões e ameaças que ele fazia à Viviane. Meses antes do crime, a magistrada relatou em áudios enviados a uma amiga que tinha medo dos "desvios de comportamento" do ex-marido e que ele extorquia dinheiro dela.

Justiça recebe denúncia

A Justiça do Rio de Janeiro recebeu no sábado (2) a denúncia do Ministério Público contra Arronenzi pelo crime.

Com o recebimento da denúncia, o juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, da 3ª Vara Criminal, manteve o engenheiro preso preventivamente — ele está em Bangu 8, no Complexo Penitenciário de Gericinó. A defesa do acusado tem dez dias para se manifestar por escrito.

Além disso, o magistrado determinou que familiares, amigos e pessoas próximas a Arronenzi não se aproximem das filhas do casal.

No dia 30, o MPRJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) denunciou o engenheiro por homicídio quintuplamente qualificado. Segundo a denúncia feita pela 2ª Promotoria de Justiça junto ao III Tribunal do Júri do Rio, o crime — cometido por ele de maneira consciente e voluntária, no entender do MP — pode ser qualificado como feminicídio e foi cometido diante das crianças, por meio cruel, motivo torpe e sem chance de defesa.