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Dependente químico é libertado após ser mantido acorrentado em MG

Dependente químico teve braço quebrado em sítio em Minas Gerais - Divulgação/Polícia Civil
Dependente químico teve braço quebrado em sítio em Minas Gerais Imagem: Divulgação/Polícia Civil

Felipe Munhoz

Colaboração para o UOL, em Lençóis (BA)

30/01/2021 19h54

Um homem de 32 anos foi libertado ontem pela Polícia Civil depois após ter sido mantido acorrentado em cárcere privado e ter sofrido maus tratos, por cerca de cinco dias, em um sítio na zona rural de Juiz de Fora (MG), a 266 km de Belo Horizonte.

De acordo com a polícia, a vítima apresentava lesões por todo o corpo e, após ser encaminhada para o Hospital de Pronto Socorro da cidade, foi constatado que estava com um braço quebrado.

A polícia chegou até o local depois de receber uma denúncia. Dois homens, de 20 e 35 anos, foram presos em flagrante. De acordo com o delegado titular da Delegacia Especializada de Repressão a Roubos, Rogério Woyame, os suspeitos são funcionários do sítio e têm como incumbência de cuidar da vítima, além de manter os serviços com a criação de gado e cavalos do local.

Dependente química, a vítima foi levada pela família até o local para afastá-la das drogas.

"A própria família dele [de Juiz de Fora] botou ele lá no sítio porque ele é dependente químico. A ideia era ele ficar lá, afastado de tudo. Não tem lugar para comprar droga ali próximo, então, seria para ele se desintoxicar, melhorar. Só que, justamente por ele ser viciado, ele começou a dar muito problema lá, criar caso, arrumar briga com os dois caras que trabalham cuidando do sítio. E, por conta disso, eles acabaram acorrentando o rapaz", afirmou o delegado.

Segundo Woyame, apesar de a vítima ter sido encontrada na condição de cárcere privado, os suspeitos, a princípio, vão responder pelo crime de maus tratos qualificado, com pena de um a quatro anos de prisão.

"Como foi apurado que ele teve uma lesão possivelmente grave, ficou tipificado o crime de maus tratos com agravante, o maus tratos qualificado pela lesão grave [braço quebrado]. Eles estavam lá, de certa forma, cuidando do rapaz também, mas excederam no meio de corrigi-lo, de chamar a atenção dele", explicou o delegado.

Em depoimento, os suspeitos afirmaram que, por questão de abstinência, a vítima ficava violenta, discutia, quebrava as coisas e eles precisavam conte-la.

"Parece que ele ficava acorrentado, mas também não ficava o dia inteiro acorrentado. Era só quando ele começava a criar problemas. Mas os autores não deram detalhes disso e a vítima também não sabia direito explicar estas coisas", disse o delegado.

A polícia também vai investigar o envolvimento da família no caso. "A gente vai concluir o inquérito para tentar determinar se mais alguém teve participação, se algum familiar sabia que ele estava nessa situação para poder responsabilizar, caso a gente consiga identificar mais alguém que tenha envolvimento ou participação neste caso."

Agora, segundo o delegado responsável pelo caso, o rapaz ficará sob os cuidados da família e os suspeitos vão aguardar o julgamento em liberdade.

A reportagem não conseguiu atualizar o estado de saúde da vítima, pois ela não teve a identidade revelada.