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Sem leito, duas pessoas com covid morrem em ambulâncias no PI, diz prefeito

Pacientes morreram à espera de leitos para covid-19 - Prefeitura de Campo Maior/Divulgação
Pacientes morreram à espera de leitos para covid-19 Imagem: Prefeitura de Campo Maior/Divulgação

Ed Rodrigues

Colaboração para o UOL, no Recife

24/03/2021 12h44

Dois pacientes, de identidades não reveladas, morreram dentro de ambulâncias à espera de leitos de UTI para covid-19 no Piauí. O caso aconteceu ontem e foi denunciado pelo prefeito de Campo Maior, Joãozinho Felix. A cidade, que fica a 80 km da capital, Teresina, já entrou em colapso por causa da alta demanda provocada pela pandemia do novo coronavírus, segundo Felix.

O prefeito registrou as ambulâncias que aguardavam por atendimento no Hospital Reginal de Campo Maior. Segundo ele, pelo menos dez veículos do Samu procuraram a unidade de saúde na noite de ontem.

"Nós não temos UTI. O hospital regional é do estado e atende 22 municípios. As pessoas morreram nas ambulâncias sem sequer entrarem na unidade. As equipes do Samu retornaram para as cidades dos pacientes para entregar os corpos às famílias", contou Joãozinho Felix ao UOL.

Ainda de acordo com o prefeito, a demanda tem crescido de forma alarmante na pandemia, principalmente nos últimos 30 dias.

"Já não estou pedindo ajuda ao Estado. Estou pedindo clemência. Nossa situação é grave. As pessoas estão morrendo nas ambulâncias ou em casa porque não temos leitos", ressaltou.

O prefeito apontou uma medida para desafogar o sistema de saúde: o convênio com um hospital particular da cidade, que foi reformado recentemente.

"A Maternidade Sigefredo Pacheco tem 50 anos de operação. Ela já funcionou em parceria com o município e o estado. São 27 leitos. Basta só honrar os valores do convênio: R$ 120 mil da cidade e R$ 180 mil, do estado. Mas o estado não pagou ainda", continuou.

O UOL procurou a Secretaria de Estado da Saúde do Piauí. Em nota, a pasta estadual disse que não foram registrados óbitos de pacientes dentro de ambulância ontem no Hospital Regional. O órgão acrescentou que a unidade dispõe de 14 enfermarias com 50 leitos (clínicos e de estabilização), dos quais 19 estão livres, com toda a estrutura para atendimento de pacientes com covid-19.

Sobre o convênio com a Maternidade Sigefredo Pacheco, a secretaria informou que já solicitou a manifestação do Conselho Regional de Medicina sobre autorização do funcionamento da unidade de saúde. Segundo o órgão, o hospital foi interditado pelo CRM-PI. Qualquer iniciativa, parceria ou serviço, requer o cumprimento de todos os condicionantes estabelecidos tecnicamente pelo Conselho, acrescentou a pasta.

A secretaria ressaltou que cabe ao gestor municipal habilitar ou não a maternidade para a confirmação de convênio.

Pandemia no Piauí

O último boletim da covid-19 no estado, atualizado ontem, aponta 196.010 casos confirmados da doença, com 3.870 mortes. O informativo aponta ainda que a taxa de ocupação de leitos de UTI no Piauí está em 94%.