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Caso Henry Borel: Polícia pericia apartamento e ouve psicóloga e professora

Henry Borel, de 4 anos, morreu no dia 8 de março, no Rio de Janeiro - Reprodução/Redes Sociais
Henry Borel, de 4 anos, morreu no dia 8 de março, no Rio de Janeiro Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

30/03/2021 11h26

A Polícia Civil do Rio de Janeiro realizou uma perícia complementar no apartamento onde Henry Borel, de 4 anos, foi encontrado "gelado e com os olhos virados", no último dia 8, segundo relato da mãe do menino, Monique Medeiros, e do vereador Jairinho (Solidariedade), padrasto dele.

Laudos médicos mostraram que a criança tinha lesões que apontam violência e a as autoridades investigam as causas da morte.

Os peritos ficaram por cerca de quatro horas no apartamento, em um condomínio da Barra da Tijuca, zona oeste da cidade. Na última sexta-feira (26), a Justiça determinou que o imóvel fosse interditado. Uma viatura da Polícia Militar ficará baseada no local por 30 dias.

A Polícia Civil segue escutando testemunhas sobre a morte do menino. Até o momento, mais de 15 pessoas já prestaram depoimento.

Ontem, o delegado titular da 16ª DP, Henrique Damasceno, ouviu a professora do Colégio Marista São José, onde Henry estudava, e também a psicóloga que acompanhava a criança. Em depoimento as profissionais disseram não ter visto anormalidade no comportamento do garoto nos dias que antecederam o falecimento.

Depoimento de ex

Além das investigações a respeito da morte da criança, a polícia também apura em paralelo as agressões retratadas por uma ex-namorada de Jairinho.

Ao UOL, a defesa do vereador informou que entrou com uma petição para que a Polícia Civil colha depoimentos de pessoas que conviviam com o parlamentar e com a ex-companheira, que denunciou Jairinho por uma suposta agressão contra ela e a filha, na época de 4 anos.

Aos agentes, a mulher, que não terá o nome divulgado, disse que durante o relacionamento, apesar de o vereador e médico alegar nunca ter exercido a profissão, ele chegou a dar remédios para ela dormir, uma atitude que considerou suspeita.

Além disso, a ex-companheira também cita supostas agressões cometidas por Jairinho durante uma viagem.

Segundo a mulher, no dia em que o político lhe deu um remédio para dormir, ela não ingeriu o medicamento justamente por ter desconfiado de algo. A ex-namorada relatou que então fingiu estar dormindo e flagrou Jairinho segurando a filha pelo braço.

Ainda em depoimento ela citou outros momentos envolvendo o comportamento violento do parlamentar.

Ela afirmou que Jairinho chegou a rasgar suas roupas quando a viu chegando em casa de uma "balada". Em outro trecho, a mulher relata um episódio ainda mais violento. Segundo a moça, o vereador teria levado sua filha para passear em uma piscina e afundado a cabeça da menina embaixo d'água.

Aos policiais, a ex-companheira disse ainda que "uma vez, quando queria conversar com a declarante e esta se recusou, Jairinho a puxou pela grade do portão da casa da mãe da declarante, o que fez com que batesse seus seios contra a grade".

O vereador também teria dito coisas inapropriadas para a enteada, afirmando que ela "atrapalhava a vida da mãe" e que "a vida da mãe ia ser mais fácil sem ela".

Procurada pelo UOL, a defesa de Jairinho informou que a mulher decidiu "caluniar" o político "por se tratar de uma ex-namorada abandonada no altar, após tatuar o seu nome [Jairinho] no braço".

"Na visão dela, tratou-se de uma situação extremamente humilhante, causando ódio e a promessa de vingança. O momento atual, no qual o Requerente [Jairinho] está em evidência, em decorrência do falecimento do menino Henry, mostrou-se oportuno para [nome da mulher] desferir as mentiras sobre a relação, frise-se, de aproximadamente 10 anos atrás", concluiram os advogados.