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Pai internado por sequelas da covid-19 acompanha parto da filha por celular

Mayara com a recém-nascida no colo e o celular com uma foto do pai e da irmã, Isabelly Imagem: Reprodução/Instagram/@benditoventrefotografia

Colaboração para o UOL, em São Paulo

01/04/2021 12h25

Internado com sequelas da covid-19, Alexandre Rossa, 31, contou com o apoio da família e de profissionais da saúde para assistir ao parto de sua segunda filha, Maria Augusta, diretamente de um leito hospitalar. A menina nasceu saudável em Criciúma (SC) no dia 12 de março, e espera a reabilitação do pai para poder conhecê-lo.

Casados há dez anos, Alexandre e Mayara tentavam dar um irmão para Isabelly, de 11 anos, já há cinco anos. A gravidez enfim veio, no entanto, aconteceu em meio à pandemia do novo coronavírus. O pai acabou sendo infectado em novembro do ano passado, quando a gestação estava em seu sexto mês.

"O Alexandre chegou em casa com sintomas de gripe, já de uma viagem de trabalho. Aí, no outro dia, ele começou uma febre e eu fiquei preocupada. Falei: 'vai no posto e vê o que é', porque eu tava grávida né, se é o covid tem que cuidar", relatou Mayara para NSC TV, afiliada da Rede Globo.

O teste para a covid-19 deu positivo e a equipe médica optou por internar Alexandre. Desde então, o homem sem comorbidades apresentou uma piora no quadro de saúde, foi intubado, e, já na UTI, sofreu uma parada cardiorrespiratória de oito minutos, que deixou lesões cerebrais relacionadas à doença.

Após passar 42 dias em tratamento intensivo, ele ainda não pôde ir para casa. Além de seu pulmão ainda estar "bastante comprometido" e de precisar de um procedimento cirúrgico devido a problemas na sonda alimentar, as sequelas deixaram Alexandre internado em uma reabilitação, por não conseguir andar, se comunicar ou fazer necessidades básicas, conforme informado pela família à fotógrafa Edi Canto.

Alexandre no leito de reabilitação Imagem: Reprodução/Instagram/@ajudealexandrerossa

Mayara então foi se acostumando com o fato de que não teria o marido por perto no dia do parto. "Chegando no hospital, eu já comecei a chorar. Eu sei que disse para o médico: 'Eu vou passar mal no dia porque vai ser um dia feliz, mas triste [também], porque é um momento sonhado com a gente tudo junto", revelou a mãe.

Então, a melhor maneira de Alexandre presenciar o nascimento da segunda filha foi através de uma chamada por vídeo. As enfermeiras da maternidade do hospital São José, em Criciúma, se mobilizaram para realizar a transmissão ao vivo do parto e seguraram o celular para que ele pudesse ver a pequena Maria Augusta pela primeira vez.

"Foi um nascimento realmente um pouco diferente do que a gente está acostumado. Foi um momento que realmente toda a equipe se arrepiou. Até de lembrar eu me arrepio", disse Danúbia Priscila Apolinário, técnica de enfermagem, que presenciou o parto.

Como Alexandre não consegue se comunicar, os familiares ainda não sabem se ele entendeu o que estava acontecendo quando assistiu à chamada de vídeo. No entanto, foi relatado que ele se esforçava para abrir os olhos, enquanto Maria Augusta chorava.

A estimativa de tempo para o tratamento de reabilitação de Alexandre é de seis meses, com os custos podendo chegar até R$ 90 mil. A família organizou uma página online, pedindo doações para arcar com esses gastos.

"Vai ser um sonho realizado", disse Mayara, pensando no dia em que Alexandre enfim puder voltar para casa. Até que o primeiro encontro aconteça, Maria Augusta vai conhecendo seu pai através de músicas que ele deixou gravadas.

O estado de Santa Catarina, de acordo com os dados mais recentes da secretaria de saúde, registra 806 mil casos confirmados e 10,8 mil óbitos pela covid-19.

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